A crise do coronavírus fez com que as redes sociais começassem a tomar um papel mais ativo na restrição da circulação de desinformação, e isso começou a afetar figuras políticas. Foi o que aconteceu nesta semana com uma publicação do presidente Jair Bolsonaro nos stories do Instagram, que foi omitida por trás de um alerta de que se tratava de “fake news”.
A publicação original fazia referência ao Portal de Transparência do Registro Civil, que tem atualizado informações sobre óbitos por Covid-19 com os dados que chegam aos cartórios. O post dava a entender que o número de mortes por problemas respiratórios no Ceará entre 16 de março e 10 de maio de 2019 e 2020 eram basicamente idênticas e questionava por que não houve alarde no ano passado.
O post havia sido publicado originalmente no Facebook pelo deputado estadual André Fernandes (PSL-CE) e foi denunciado por usuários da rede social, o que fez com que o material fosse direcionado à Agência Lupa para verificação dos fatos, que concluiu que a informação realmente é falsa. Quando Bolsonaro a replicou no Instagram, a postagem foi colocada atrás de um aviso de que o conteúdo era enganoso.
A Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), que administra o Portal de Transparência, explica que a confusão se deu pelo fato de que o painel discrimina apenas as mortes por causas respiratórias, mas inclui todas as outras causas mortis (câncer, AVC, infarto, derrames, excluindo apenas mortes violentas) no item “Demais óbitos”. Eliminando os “Demais óbitos” do gráfico, percebe-se um aumento no número de mortes por causas respiratórias entre 2019 e 2020.
Quando questionado sobre o assunto, o Instagram confirma e explica a exclusão. “Removemos conteúdo no Facebook e Instagram que viole nossos Padrões da Comunidade, que não permitem desinformação que possa causar danos reais às pessoas”, diz o comunicado enviado à imprensa.
Não é a primeira vez que Bolsonaro e as redes sociais entram em conflito. No fim de março, o presidente publicou um vídeo em que caminhava em meio ao público, causando aglomerações, contrariando autoridades de saúde pública. Facebook, Instagram e Twitter decidiram excluir o conteúdo de suas plataformas, julgando que ele poderia estimular comportamentos nocivos e colocar em risco os usuários.