O Google anunciou que começará a pagar aos veículos de notícia por “conteúdo de alta qualidade” com a chegada de uma “nova experiência de notícias”. De acordo com a empresa, o lançamento da iniciativa deve ocorrer ainda este ano. Dentre as parcerias já assinadas estão veículos da Alemanha, Austrália e Brasil.
A declaração marca uma mudança nas diretrizes do Google que, até o momento, se recusava a pagar aos veículos para utilizar o conteúdo. À medida que a publicidade digital das empresas caiu, muitos começaram a pressionar a companhia para que pagassem para licenciar as notícias exibidas.
Por aqui, a empresa fechou parcerias com o conglomerado de mídia Diários Associados e A Gazeta (Espírito Santo). Na Alemanha, foram fechados contratos com Der Spiegel, Frankfurter Allgemeine Zeitung e Die Zeit. Por fim, a Austrália vai contribuir com conteúdo da Schwartz Media, The Conversation e Private Media.
Muitas informações sobre o funcionamento do programa ainda não foram reveladas pelo Google. No entanto, com o setor enfraquecido pelas consequências em decorrência da pandemia do novo coronavírus, qualquer receita em potencial provavelmente será bem-vinda.
Em uma postagem no blog da empresa, Brad Bender, vice-presidente de notícias do Google, declarou que “talvez mais do que nunca, as pessoas buscam informações em que podem contar em meio a uma pandemia global e preocupações crescentes com a injustiça racial em todo o mundo”.
Google vai pagar para exibir conteúdo produzido. Foto: Eric Sanman
Esta não é a primeira iniciativa do tipo. Nos últimos anos, grandes plataformas e empresas de tecnologia buscaram parcerias com veículos de notícia. A Apple, por exemplo, criou o Apple News+, um serviço de assinatura que oferece acesso a mais de 300 publicações. O Facebook também disponibilizou algo semelhante, com vários programas para organização de notícias.
Situação do Google
Por mais de uma década, veículos de notícia, principalmente da Europa, lutam para que o Google reconheça seu trabalho e não “lucre injustamente com seu conteúdo”, mostrando trechos nos resultados de pesquisa e no Google Notícias.
Essas reivindicações resultaram na desativação das versões locais do serviço de notícias e na eliminação dos trechos apresentados nos resultados de busca.
No ano passado, a União Europeia aprovou uma lei de direitos autorais que causou polêmica. Entre outras atribuições, o texto incluía um “imposto de link”, que exigia das plataformas um pagamento aos editores se exibissem trechos de conteúdo.
Até recentemente, a empresa insistia que não pagaria por nenhum conteúdo. Ainda não está claro o motivo que a fez mudar de ideia. De acordo com Bender, o novo programa terá um alcance limitado por enquanto.
O novo serviço deve aparecer em algum momento deste ano na aba Google Notícias e no Discover – embora a iniciativa possa se estender para a página de pesquisas em geral. Ao comentar a chegada da novidade, Bender disse que “juntamente com outras empresas, governos e organizações da sociedade civil, estamos comprometidos em fazer nossa parte para apoiar os negócios de notícias”. “O empreendimento de hoje exemplifica isso e esperamos ansiosamente o que todos podemos alcançar juntos”, finaliza.
Via: Venture Beat