O repórter Robert Snell, do jornal estadunidense Detroit News, analisou documentos judiciais que mostram que o Google entregou à polícia endereços IP de usuários que utilizaram o buscador para procurar por uma localização específica pouco antes de alguém colocar fogo no carro de uma das testemunhas do caso do ex-cantor R. Kelly, acusado de extorsão, abuso sexual, posse de pornografia infantil, entre outros crimes. O episódio levou à prisão de Michael Williams, amigo de R. Kelly, considerado responsável pelo incêndio criminoso e pela consequente adulteração de testemunhas.
“O incêndio aconteceu fora de uma casa em Kissimmee, Flórida. Assim, os agentes federais obtiveram um mandado de busca e apreensão exigindo que o Google identificasse ‘usuários que vasculharam o endereço da Residência a tempo do incêndio criminoso’, de acordo com uma declaração de mandado de busca não selada”, explicou Snell em sua conta no Twitter.
The fire happened outside a home in Kissimmee, Florida. So federal agents got a search warrant requiring Google to identify “users who had searched the address of the Residence close in time to the arson,” according to a newly unsealed search warrant affidavit pic.twitter.com/k3q6xj3ACy
— Robert Snell (@robertsnellnews) October 6, 2020
As autoridades vincularam os endereços IP ao número de telefone de Williams e seguiram com um mandado de busca para obter detalhes da conta dele no Google para descobrir que o acusado também pesquisou frases como “intimidação de testemunha” e “países que não têm extradição com os Estados Unidos“. A polícia também emitiu um mandado para obter informações de localização da empresa de telecomunicações Verizon, que mostraram que o telefone de Williams viajou da cidade de Valdosta, na Geórgia, para Kissimmee, na Flórida, onde a testemunha mora.
Agora, Todd Spodek, advogado de Williams, pretende contestar o mandado por entender que a ação viola os direitos de seu cliente. A alegação de Spodek consiste no fato de que o mandado de busca foi direcionado a qualquer pessoa que procurou determinados termos naquele contexto específico, sendo que esse tipo de ação é normalmente direcionado apenas a um grupo restrito de prováveis suspeitos. De acordo com o advogado, isso pode gerar falsas interpretações.
Os especialistas estão preocupados de que mandados como esse, incluindo os de geocerca – que visam a todos em uma determinada área -, violem os direitos da Quarta Emenda que protegem contra buscas excessivamente amplas.
O Google, que vem recebendo críticas por sua ação que ignora a privacidade dos usuários, não quis comentar o caso.
Via: Engadget