Google entrega à polícia dados de usuários que buscaram endereço específico

Ação está relacionada ao caso do ex-cantor R. Kelly, que é acusado, entre outros crimes, de posse de pornografia infantil
Redação08/10/2020 19h58, atualizada em 08/10/2020 20h32

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O repórter Robert Snell, do jornal estadunidense Detroit News, analisou documentos judiciais que mostram que o Google entregou à polícia endereços IP de usuários que utilizaram o buscador para procurar por uma localização específica pouco antes de alguém colocar fogo no carro de uma das testemunhas do caso do ex-cantor R. Kelly, acusado de extorsão, abuso sexual, posse de pornografia infantil, entre outros crimes. O episódio levou à prisão de Michael Williams, amigo de R. Kelly, considerado responsável pelo incêndio criminoso e pela consequente adulteração de testemunhas.

“O incêndio aconteceu fora de uma casa em Kissimmee, Flórida. Assim, os agentes federais obtiveram um mandado de busca e apreensão exigindo que o Google identificasse ‘usuários que vasculharam o endereço da Residência a tempo do incêndio criminoso’, de acordo com uma declaração de mandado de busca não selada”, explicou Snell em sua conta no Twitter.

As autoridades vincularam os endereços IP ao número de telefone de Williams e seguiram com um mandado de busca para obter detalhes da conta dele no Google para descobrir que o acusado também pesquisou frases como “intimidação de testemunha” e “países que não têm extradição com os Estados Unidos“. A polícia também emitiu um mandado para obter informações de localização da empresa de telecomunicações Verizon, que mostraram que o telefone de Williams viajou da cidade de Valdosta, na Geórgia, para Kissimmee, na Flórida, onde a testemunha mora.

Agora, Todd Spodek, advogado de Williams, pretende contestar o mandado por entender que a ação viola os direitos de seu cliente. A alegação de Spodek consiste no fato de que o mandado de busca foi direcionado a qualquer pessoa que procurou determinados termos naquele contexto específico, sendo que esse tipo de ação é normalmente direcionado apenas a um grupo restrito de prováveis suspeitos. De acordo com o advogado, isso pode gerar falsas interpretações.

Os especialistas estão preocupados de que mandados como esse, incluindo os de geocerca – que visam a todos em uma determinada área -, violem os direitos da Quarta Emenda que protegem contra buscas excessivamente amplas.

O Google, que vem recebendo críticas por sua ação que ignora a privacidade dos usuários, não quis comentar o caso.

Via: Engadget

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital