O Facebook formará equipes internas para examinar como a inteligência artificial por trás do algoritmo do Facebook e do Instagram afeta usuários de grupos minoritários nos Estados Unidos. A ideia visa entender se a tecnologia impacta negros, hispânicos e outras minorias de forma desproporcional em comparação com usuários brancos.
Em entrevista ao The Wall Street Journal, o diretor de produtos do Instagram, Vishal Shah, confirmou a notícia e disse que o “movimento de justiça racial” representa um “momento significativo” para a empresa. “Qualquer preconceito em nossos sistemas e políticas é contrário a fornecer uma plataforma para que todos possam se expressar.”, afirmou Shah.
A iniciativa do Facebook ocorre em meio à repercussão de protestos contra o racismo e a violência policial que ainda acontecem em cidades norte-americanas desde a morte de George Floyd, homem negro assassinado por dois policiais brancos, no fim de maio. A empresa também enfrenta a campanha Stop Hate For Profit, que promove o boicote de anunciantes para pressionar a gigante de tecnologia a aprimorar políticas de combate a conteúdos de ódio.
A nova proposta marca uma revisão de postura da companhia, uma vez que o Facebook sempre resistiu a examinar o viés racial de seus plataformas. No ano passado, diretores da empresa impediram que funcionários estudassem impactos das redes sociais da bigtech sobre grupos minoritários sem a permissão dos principais executivos da companhia, aponta o The Wall Street Journal.
Na mesma época, o Instagram desenvolvia parâmetros para suspender e excluir contas. Uma análise interna indicou que usuários, cuja atividades sugeriam que eram negros, eram afetados desproporcionalmente pelas ferramentas da plataforma. Além disso, os investimentos da empresa no sistemas de inteligência artificial foi um dos principais argumentos do Facebook em manifestações públicas em resposta à campanha Stop Hate for Profit.
Em contrapartida, recentemente a empresa estabeleceu novos compromissos relacionados à justiça racial. Em junho, a organização anunciou planos de doar US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,02 bilhão) para apoiar negócios liderados por pessoas negras. Ainda no mês passado, a companhia disse que pretende dobrar a porcentagem de funcionários representantes de grupos minoritários até 2023. O plano ainda prevê ampliar em 30% o número de funcionários de grupos sub representados em cargos de liderança até 2025.