Inteligência artificial da Disney pode facilitar a vida de animadores

Tecnologia desenvolvida pela Disney prevê sistema de reconhecimento facial para animações que pode reduzir tempo de produção os filmes
Daniel Junqueira17/07/2020 20h33, atualizada em 19/07/2020 19h00

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Um novo sistema de inteligência artificial que vem sendo desenvolvido há anos pela Disney pode facilitar muito o trabalho dos departamentos de animação no futuro: a empresa está criando uma espécie de banco de dados para buscar expressões e efeitos específicos em produções passadas para auxiliar no desenvolvimento de novos filmes.

A ideia é reaproveitar trabalhos feitos ao longo de um século de maneira que a produção dos longas fique um pouco mais fácil. Chamada internamente de Content Genoma, a plataforma é alimentada por bancos de metadados com informações básicas sobre as animações. A partir daí, aplicações em inteligência artificial analisam os dados para criar recursos de busca, personalização e descoberta de imagens melhorados.

“Se um animador estiver trabalhando em uma nova temporada de Star Wars: A Guerra dos Clones e quiser encontrar um tipo específico de explosão que aconteceu três temporadas atrás, ou quiser referenciar algo que aconteceu nessa mesma temporada, essa pessoa teria que passar horas no YouTube indo de vídeo em vídeo, já que não dá pra descobrir isso só pelo nome do episódio”, explicou Anthony Accardo, diretor de pesquisa e desenvolvimento do Disney Direct-to-Consumer & International Organization (DTCI). A plataforma da Disney facilita bastante essa busca.

Reprodução

Ao usar algumas poucas palavras-chave, o sistema consegue buscar em um acervo com todas as animações da Disney pelo momento com a cena específica. Seja uma explosão, como no caso de Star Wars, ou uma expressão facial em algum outro filme.

Desafios pelo caminho

Não foi nada fácil para os pesquisadores do DTCI chegarem a um sistema desse tipo. Os estudos começaram em 2016, e envolveram classificar diferentes atributos e encontrar informações de quando eles acontecem em produções da empresa. “É preciso pensar bem em como você vai fazer para gerenciar esses termos e rótulos. Se deixar sair de controle, os dados resultantes vão ser difíceis de serem usados,” explicou Accardo.

Os pesquisadores explicaram em detalhes o estudo em um post no Medium. Inicialmente, eles começaram detectando e reconhecendo rostos em séries de TV, e depois passaram a identificar localizações específicas.

Ao chegar nas animações, as coisas ficaram complicadas. “O rosto de um personagem em Carros tem propriedades humanas mas não se parece de maneira alguma com um humano”, explicou o gerente de pesquisa e desenvolvimento do DTCI, Miquel Àngel Farré.

A solução encontrada foi usar sistemas de aprendizado profundo de máquina para ensinar o conceito abstrato de rosto para a inteligência artificial. Após algumas tentativas e abordagens diferentes, eles conseguiram ir além da detecção de rosto com dois olhos, um nariz e uma boca. No fim das contas, eles chegaram a um sistema com potencial de achar momentos específicos em filmes e animações.

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Os pesquisadores ainda planejam expandir as capacidades do sistema e refinar algumas das habilidades atuais. “Aprendizado de máquina e inteligência artificial, quando precisam de coisas baseadas em entender todo o contexto, têm dificuldades”, explicou Accardo, deixando claro que não há intenção de uso do sistema atualmente.

Apesar disso, um sistema de busca preciso capaz de identificar personagens específicos em um filme podem ser bastante valiosos para consumidores. Eles conseguiriam, por exemplo, buscar cenas em que um personagem coadjuvante apareceu, uma cena específica de ação, ou até mesmo um lance em um jogo de futebol.

Via: Engadget

Ex-editor(a)

Daniel Junqueira é ex-editor(a) no Olhar Digital