EUA censura documento que detalha riscos do TikTok à privacidade

Trechos de uma decisão judicial que citam um memorando do Departamento de Comércio foram editados para remover detalhes de como a rede social chinesa pode coletar dados dos usuários norte-americanos
Renato Mota28/09/2020 21h01, atualizada em 28/09/2020 21h09

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Há meses, o governo dos Estados Unidos alega que o TikTok é uma preocupação para a segurança e privacidade dos norte-americanos. Em sua ordem executiva banindo o app, o presidente Donald Trump afirmou que a China pode potencialmente ter acesso a “informações pessoais e proprietárias” dos cidadãos por meio de dados coletados pela TikTok. Mas exatamente qual seria esta ameaça é algo que ainda não foi revelado.

Os relatórios do Departamento de Justiça mantêm confidenciais os detalhes apurados sobre possíveis ações do governo chinês para obter dados dos usuários. Um processo judicial relacionado ao assunto reporta que “embora o TikTok afirme armazenar dados de usuários dentro dos Estados Unidos, o memorando do Departamento de Comércio explica que a República Popular da China ainda pode ter acesso a esses dados por meio de [CENSURADO]”.

O memorando ainda afirma que TikTok e ByteDance ficariam indefesas contra ataques cibernéticos do governo chinês se houvesse alguma tentativa de roubar dados da empresa. Ataques semelhantes aconteceram à Equifax, à rede de hotéis Marriott e ao Escritório de Gerenciamento de Pessoal dos Estados Unidos.

Na decisão do Departamento de Comércio que proibiu transações relacionadas aos aplicativos WeChat e TikTok, o secretário Wilbur Ross afirmou que “sob a orientação do presidente, tomamos medidas significativas para combater a coleta maliciosa de dados pessoais de cidadãos americanos pela China”.

KoshiroK/Shutterstock

TikTok vs EUA. Imagem: KoshiroK/Shutterstock

De acordo com o comunicado do Departamento de Comércio, “o Partido Comunista Chinês (PCC) demonstrou os meios e motivos para usar esses aplicativos para ameaçar a segurança nacional, a política externa e a economia dos EUA”. As proibições “protegem os usuários nos EUA, eliminando o acesso a esses aplicativos e reduzindo significativamente sua funcionalidade”.

É natural que documentos governamentais que contenham informações cruciais ocultem parte do texto do conhecimento público. Uma decisão judicial não editada, por exemplo, revelou que o servidor do TikTok em Singapura é de propriedade da chinesa Alibaba.

“O secretário também concluiu que os dados de usuários são especialmente vulneráveis ​​porque o TikTok mantém um backup de todos os seus dados dos EUA em Singapura com uma empresa com sede na China chamada Alibaba”, afirma o documento.

O TikTok se defende afirmando que não atende demandas do governo chinês por dados norte-americanos, uma vez que os dados são armazenados em servidores dos EUA e de Singapura, e não na China. “O armazenamento em nuvem que alugamos em Singapura é protegido por nossa própria criptografia e tecnologia, que é implementada por nossa equipe de segurança liderada pelos EUA”, afirma o comunicado da empresa.

A rede social ainda tenta finalizar as negociações de aquisição com a Oracle. A ideia é “americanizar” a empresa para poder amenizar as preocupações do governo. “Nossa proposta que a Administração concordou publicamente em princípio moveria 100% dos usuários dos EUA dados para o sistema de armazenamento da Oracle”, disse o TikTok no mesmo comunicado.

Via: CNet

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital