Empresários mexicanos criam couro à base de cacto

Chamado de Desserto, material é feito a partir das folhas de um cacto conhecido como Figueira da Índia ou Nopal
Rafael Rigues28/02/2020 18h21

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Os empreendedores mexicanos Adrián López Velarde e Marte Cázarez criaram uma forma de transformar folhas de cacto, mais especificamente a espécie conhecida no Brasil como “Figueira da Índia”, em uma alternativa ao couro ecologicamente correta, versátil e sustentável. O material já foi apresentado em eventos de moda em Milão (Itália) e Sidney (Austrália), onde foi bem recebido, e é comercializado sob o nome Desserto.

Segundo os empreendedores, a indústria da moda é a segunda maior poluidora do mundo, e o couro é grande parte do problema. As vacas que são a matéria-prima de boa parte do couro produzido no mundo exigem muita água, sem falar em alimento, para sua criação, e durante a vida produzem metano, um gás que contribui para o aquecimento global.

Depois de extraído o couro tem que ser curtido e tratado com substâncias químicas, como o cromo e formaldeído, que se despejadas no meio ambiente podem causar danos sérios a água e ao solo. Couro “vegano” não é uma boa solução, pois é produzido a partir de plástico derivado de petróleo (PVC ou PU), que não é biodegradável.

Reprodução

Bolsa feita com Desserto. Ao fundo, o cacto que é matéria-prima para o couro vegetal. Crédito: Adriano di Marti

Já o Desserto tem como matéria-prima as “folhas” maduras do cacto, também chamadas de palmas. Elas são coletadas sem danificar a planta, que produzirá novas folhas para colheita em alguns meses. Depois de trituradas e secas ao sol por três dias elas são misturadas a “substâncias químicas não tóxicas” (a receita é um segredo) e transformadas em longas folhas de “couro”, que pode receber a cor, forma e textura que o cliente desejar.

O material é descrito como orgânico, parcialmente biodegradável, macio, durável e com qualidade suficiente para uso em roupas, acessórios, móveis e até mesmo o interior de automóveis. Segundo Adrián, Desserto atente às “especificações técnicas e mecânicas” das indústrias que já trabalham com couro.

Adrián e Marte afirmam que todo o material orgânico que não é usado na produção do couro é vendido para uso na indústria alimentícia, o que seria um atestado de sua segurança. O cacto (conhecido no México como Nopal) cresce naturalmente no estado de Zacatecas, onde fica a plantação, e não exige irrigação ou adubo já que é adaptado a um ambiente árido e ao solo local, rico em minerais.

Os empresários criaram uma empresa, a Adriano di Marti, para produzir o material, que será comercializado como matéria-prima para a indústria. O preço, segundo eles, é “quase o mesmo do couro animal”.

Fonte: Green Matters

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital

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