Vários engenheiros do Google admitiram que, parte das configurações de privacidade de seus aplicativos podem ser confusas e muitas vezes enganosas, tanto para os próprios funcionários quanto para usuários. É o que mostram os documentos relacionados a uma ação movida pelo procurador-geral Mark Brnovich, no Arizona, em agosto. Ele acusa a empresa liderada por Sundar Pichai de enganar usuários sobre como e quando rastreava dados de localização, além de continuar com a prática mesmo após tentarem cancelar a função.
No processo, funcionários admitiram que as configurações de acesso às restrições de privacidade são difíceis para os usuários e confundem os próprios engenheiros da empresa. No e-mail, um dos funcionário não identificado reconhece que as opções de desativação da localização costumam incluir situações de exceção que não são mostradas com clareza ao usuário. De acordo com ele, a interface parece ter sido criada para dificultar as pessoas, assim, elas não têm conhecimento de que estão fornecendo seus dados.
Engenheiros do Google admitem que empresa confunde os usuários nas configurações de privacidade e de localização. Imagem: Piotr Swat/Shutterstock
O processo ainda incluiu informações levantadas pela Associated Press, em 2018. Segundo a publicação, o Google ainda continuou rastreando usuários, mesmo após eles alterarem explicitamente uma configuração de privacidade, a qual proibia a coleta de informações de localização por outros serviços da empresa.
Em novos documentos, contendo reclamações menos editadas, mostram que a gigante das buscas se esforçou para responder à publicação, descrevendo internamente a reunião como “oh s***” (“oh m****” em tradução livre), para discutir uma resposta pública e mudanças nas configurações de privacidade do usuário.
Caso reincidente
Não é a primeira vez que o Google é processado por coleta indevida de dados. Em março de 2019, a empresa recebeu uma multa de US$ 1,7 bilhão da União Europeia por violar leis antitruste. O bloco considerou ilegais as práticas de como a gigante aproveitava os dados.
Na época, o abuso de domínio de mercado fez a UE impor ao Google uma série de cláusulas restritivas em contratos com outros sites, impedindo anúncios de buscas de concorrentes nesses domínios.
Em dezembro do ano passado, a empresa foi novamente investigada sob as mesmas questões na União Europeia. Nos EUA, a empresa também se tornou algo de reguladores em investigações sobre práticas que injustamente davam vantagens aos anúncios online e negócios de busca.
As investigações sobre os processos, incluindo de Brnovich, e do Departamento de Justiça dos EUA, devem ser concluídas nos próximos meses e podem resultar em processos adicionais.
Fonte: Bussines Insider e Valor Econômico