Comércio de ossos humanos cresce no Instagram

A rede social, que possui diversas contas com itens a venda, é o local preferido para esses comerciantes anunciarem itens como crânios humanos para colecionadores interessados
Luiz Nogueira28/08/2019 16h41, atualizada em 28/08/2019 17h40

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O Instagram se tornou uma rede social bastante popular por ser um local onde as pessoas podem postar fotos em troca de likes. Justamente por essa popularidade, muita gente fez da rede o seu próprio negócio. Basta uma simples pesquisa para encontrar perfis que vendem diversos itens, desde livros, doces e até brinquedos.

Mas um nicho de mercado bastante bizarro está começando a ganhar espaço no Instagram. O negócio em questão é a venda de ossos humanos. Segundo os arqueólogos Damien Huffer e Shawn Graham, a prática movimentou o equivalente a R$245 mil em 2016.

Reprodução

Um dos vendedores mais populares atualmente é Henry Scragg, com 33 mil seguidores. O inglês de 28 anos disse que sua paixão pelos ossos humanos começou quando ele estava navegando no eBay e viu um leilão de uma caixa com 12 crânios e um esqueleto de hiena. Ele disse que deu um lance de brincadeira, mas acabou arrematando as peças.

Assim que a encomenda chegou, Scragg organizou a coleção e tirou uma foto. Ao postar no Instagram, ele recebeu diversos comentários e mensagens de pessoas interessadas na compra desses itens. A partir daí, Scragg viu nos ossos a possibilidade de um negócio lucrativo. Segundo o vendedor, os principais compradores são colecionadores ávidos que veem a acumulação de ossos humanos como um passatempo legítimo.

O que a lei diz sobre isso?

Ao contrário do comércio de outras mercadorias ilícitas – antiguidades saqueadas, drogas e armas -, não há nada explicitamente ilegal sobre o comércio de restos humanos na plataforma. No Reino Unido, por exemplo, os ossos humanos caem sob a “regra da não propriedade”, o que significa que os ossos pertencem a quem quer que esteja de posse deles. Embora a exibição de restos humanos seja proibida, a lei não se aplica à publicação desse material online.

Outras jurisdições têm uma abordagem menos “amigável” ao comércio de ossos, no entanto. Os Estados Unidos, Louisiana, Geórgia e Tennessee têm regulamentos que restringem a venda e a posse de restos humanos. Mas, na maior parte, as leis são ambíguas e não são cumpridas. Segundo Scragg, desde que ele rotule as entregas corretamente, ele não é incomodado pelas autoridades aduaneiras do Reino Unido.

Vendedores do Instagram tiraram proveito desta aparente lacuna na lei para estabelecer uma rota comercial internacional. Grande parte desse comércio está localizado no Reino Unido, EUA, Canadá e Europa.

O comércio antes do Instagram

Como informado, Scragg comprou seus primeiros crânios no eBay, famoso site de vendas online. O site era bastante utilizado para essa prática, mas, em 2016, esse tipo de comércio foi proibido, fazendo com que os vendedores tivessem de encontrar uma outra plataforma para manter o seu negócio funcionando. O Instagram pareceu o melhor candidato para isso.

Sigilo nas negociações

Embora o comércio de ossos online possa ser legal, ou pelo menos legalmente ambíguo, ainda existe um certo grau de sigilo dentro dessa comunidade de vendas no Instagram. Quando são questionados sobre a procedência dos itens, muitos respondem que são meros “colecionadores de arte” ou fornecedores de “história cultural”.

A venda de restos na rede de compartilhamento de fotos funciona de maneira semelhante a outros negócios informais na plataforma. Um usuário posta uma foto dos ossos que está vendendo e colocara seu preço na descrição da imagem. Em seguida, os usuários interessados enviam mensagens diretas e, se o preço do vendedor for aceito, o pagamento é realizado e as mercadorias são embaladas e enviadas.

Via: Wired

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital