A ferramenta de conferências de vídeo online Zoom ganhou popularidade em meio ao isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus. A Zoom Video Communication, empresa que controla a plataforma, alega que o aplicativo saltou de 10 milhões de usuários no fim de 2019, para 200 milhões em março de 2020.
Se por um lado, a popularidade valorizou as ações da companhia, de outro, o crescimento acompanhou a exposição de falhas de segurança da ferramenta.
Ao The Wall Street Journal, o CEO da Zoom Communications, Eric Yuan, admitiu os erros da empresa quanto a garantia de privacidade dos usuários. “Se nós errarmos de novo, estamos acabados”, disse o gestor da empresa.
A promessa de Yuan é oferecer, em breve, uma opção de criptografia ponta a ponta para usuários garantirem a proteção de suas conversas no Zoom. A falta deste recurso na plataforma foi um dos principais pontos criticados por especialistas de segurança digital, que apontam que a tecnologia usada pela empresa é inferior aos padrões de mercado relativos à proteção de dados.
A companhia chegou a dizer anteriormente que já aplicava um tipo de criptografia no aplicativo. O conteúdo é transportado de forma criptografada entre os servidores da empresa. E, segundo a Zoom, os arquivos não podem ser decifrados enquanto trafegavam pela nuvem. Na semana passada, no entanto, outro jornal americano expôs uma denúncia que mais de 15 mil vídeos do aplicativo estavam desprotegidos em um servidor da Amazon Web Services.
Servidores chineses
Existe ainda o temor que as chaves de criptografia de conferências de usuários de diferentes parte dos planeta possam ser transferidas para servidores da Zoom localizados na China, onde o governo detém poder legal sobre os dados de empresas privadas.
Ao Wall Street Journal, Brendan Ittelson, coordenador de suporte técnico da empresa, afirmou que a plataforma tenta em um primeiro momento armazenar os dados de todas as videoconferências em diretórios locais, porém caso a conexão falhe, uma rota alternativa pode enviar o conteúdo para outros destinos ao redor do mundo.
A Zoom alega ter criado um sistema para prevenir que os dados de usuários do Estados Unidos, por exemplo, sejam enviados à China, mas admitiu que uma falha detectada em fevereiro provocou o encaminhamento de dados ao país asiático. Em sua defesa, a companhia disse que já resolveu o problema.
Yuan afirma que o governo chinês nunca pediu informações de tráfego sobre usuários de outros países. A companhia foi obrigada a se registrar formalmente na China no ano passado após encarar uma suspensão de dois meses por ser reconhecida como uma empresa baseada nos Estados Unidos.
As declarações do CEO, no entanto, não convenceram grandes empresas, que decidiram por abandonar a plataforma. Entre elas, a SpaceX, fundado por Elon Musk. Para Yuan, o maior desafio da Zoom é recuperar a credibilidade. “Eu realmente fiz muita besteira como CEO, e nós precisamos recuperar a confiança deles. Esse tipo de situação não deveria acontecer”, disse.
Ele avalia que o momento da empresa pede calma e esforços para colocar a privacidade e a segurança dos usuários em primeiro lugar. “Essa é a nossa nova cultura”, afirmou.
Fonte: The Wall Street Journal