Uma amostra de tecido biológico colhida e preservada nos anos 1960 forneceu aos cientistas a mais antiga sequência quase completa de genes do HIV, vírus causador da Aids. A descoberta foi relatada em um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.

Até então, a sequência genética mais antiga vinha de uma amostra de sangue coletada em coletada em 1976 na República Democrática do Congo. O vírus HIV só viria a ser identificado em 1983, o que faz com que as descobertas ajudem a identificar o momento das mutações genéticas no vírus.

A amostra de tecido foi coletada em 1966, também na República Democrática do Congo. Os genes coletados nela encaixa bem no entendimento prévio dos pesquisadores sobre o momento do surgimento do HIV, de acordo com a coautora do estudo, Sophie Gryseels, pesquisadora de virologia evolutiva e computacional na Universidade Católica de Lovaina (KU Leuven), na Bélgica.

“É bom saber disso, porque significa que nossos modelos evolutivos que estamos sempre aplicando à nossa sequência de vírus funcionam bem”, afirma Gryseels, que participou de um projeto em andamento liderado pelo biólogo Michael Worobey, da Universidade do Arizona (EUA). Junto com outros colegas, a equipe analisou 1.645 espécimes de biópsia coletados na África Central entre 1958 e 1966.

Eletromicrografia de varredura de uma célula T H9 infectada pelo HIV. Imagem: NIAID

Usando métodos de PCR muito sensíveis (semelhantes aos usados ​​para detectar o novo Sars-Cov-2), os pesquisadores procuraram por indícios de genomas do HIV, e encontraram nos linfonodos de um homem de 38 anos.

Com base no sequenciamento genético do vírus, os cientistas acreditam que o HIV tenha passado dos chimpanzés para os humanos em algum momento do início dos anos 1900, na África Central. Existem várias cepas do vírus, mas os responsáveis ​​por 95% dos casos em todo o mundo estão em um subgrupo chamado HIV-1, grupo M. Mais de 32 milhões de pessoas morreram de Aids desde o início da pandemia.

“Se tivermos uma ideia melhor do cronograma de quando o HIV-1 passou para uma epidemia em aceleração, poderemos ponderar diferentes hipóteses de como isso aconteceu com mais eficiência “, acredita Gryseels.

Via: LiveScience