Assistente Alexa, da Amazon, vai começar a fazer perguntas aos usuários

Novos recursos permitirão que a assistente virtual faça questionamentos quando não entender a solicitação do usuário, preservando a nova informação para uso futuro
Redação29/09/2020 17h27, atualizada em 29/09/2020 19h50

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A assistente virtual Amazon Alexa vai ficar mais inteligente nos próximos meses. É o que promete a multinacional de tecnologia. Com os novos recursos que deverá receber, o dispositivo poderá pedir esclarecimentos a respeito de algumas solicitações não compreendidas. Ao requerer, por exemplo, que as luzes fiquem no “modo de leitura”, se ouvirá educadamente o que isso significa.

O usuário poderá então especificar que deseja que as luzes tenham uma intensidade de 30%, 40%, 50%. A partir desta orientação, Alexa “aprenderá” essa preferência, armazenará a informação e a usará como referência para atender ao mesmo pedido num futuro. Pode parecer pouco, mas descobrir quando buscar esclarecimentos requer uma inteligência artificial considerável, e é um passo para que as máquinas aprendam com os humanos instantaneamente.

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Rohit Prasad, cientista-chefe da equipe Alexa Artificial Intelligence e a mente por trás da assistente virtual, disse também que o dispositivo ganhará voz mais natural. Crédito: Linkedin/Reprodução

Uma voz mais humana

O professor do Massachusetts Institute Tecnology (MIT), Roger Levy, especializado em Inteligência Artificial e linguística, diz que saber quando e quais perguntas fazer será crucial para sistemas de IA mais avançados. “A capacidade de esclarecimento será uma propriedade fundamental de qualquer bom agente artificial de conversação”, explica. No entanto, Levy destaca que fazer isso parecer natural pode ser um ato de equilíbrio complicado. “Você vai deixar os usuários loucos se pedir esclarecimentos demais”, afirma.

Por enquanto, a assistente de voz da Amazon buscará apenas esclarecer comandos relacionados a dispositivos domésticos inteligentes conectados, como termostatos e luzes. Mas o indiano Rohit Prasad, cientista-chefe da equipe Alexa Artificial Intelligence, que revelou a novidade em um evento transmitido ao vivo na quinta-feira (24), diz que a empresa quer expandir esse tipo de aprendizado para todas as tarefas da assistente.

Prasad também anunciou outros recursos, inclusive uma inflexão de voz mais natural. Ele disse que a equipe que lidera também está trabalhando em uma maneira de a assistente poder entrar em uma conversa, ou interrompê-la se parecer apropriado, com base na linguagem e no tom de voz, bem como nas dicas visuais dos dispositivos Alexa equipados com câmeras. Esse recurso será introduzido em 2021, e os usuários optarão por isso, pedindo a Alexa para “entrar na minha conversa”.

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A Amazon, que concorre com Google e Apple para dominar a tecnologia de computação de voz, agora encara o desafio de fazer a assistente Alexa aprender com o usuário. Crédito: Olhar Digital

Como é difícil perguntar

Embora o ato de questionar seja natural do ser humano, é ainda uma ação muito complexa para as inteligências artificiais. A primeira ação é decodificar que um comando desconhecido pode ser viável com mais informações. Depois disso, é preciso decidir o que perguntar e seguir em frente. Será necessário enviar um enunciado por meio de uma cadeia de vários algoritmos de linguagem. Um algoritmo determina que uma pergunta não é clara, mas pode ser respondida; outro extrai conceitos que precisam de algum esclarecimento; um terceiro trabalha as ações possíveis para o comando ambíguo.

Deixar Alexa aprender na hora é um pequeno passo para resolver um problema fundamental de inteligência artificial. Mesmo os algoritmos mais inteligentes geralmente são treinados em um tesouro fixo de dados, o que significa que, ao contrário de uma pessoa, eles não podem eliminar a ambiguidade ou incorporar novas informações. Hoje, se Alexa não souber o que você quer dizer, ela oferecerá o equivalente robótico de um encolher de ombros: “Desculpe, não entendo isso” ou “Você quis dizer…?”

Alguns especialistas em IA acreditam que conversar com as máquinas é a única maneira de torná-las mais inteligentes. David Ferrucci, um pesquisador de IA que liderou o desenvolvimento do computador Watson da IBM, acredita que ter Alexa fazendo perguntas simples sobre tarefas bem definidas deve funcionar bem. Mas Ferrucci, adverte que a complexidade e a ambiguidade da linguagem podem dificultar as coisas rapidamente. Além disso, se os assistentes de voz fizerem as perguntas erradas, eles se tornarão mais irritantes do que nunca. “Se você mandar mal nisso, as pessoas não vão te querer por perto”, adverte Ferrucci.

Fonte: Wired

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital