A batalha dos celulares dobráveis: Galaxy Z Flip vs Motorola RAZR

Os mais novos dobráveis no mercado nacional ressuscitam o estilo "flip" e tem abordagens diferentes, mas o mesmo preço. Conheça os pontos fortes e fracos de cada um
Rafael Rigues12/02/2020 15h25, atualizada em 12/02/2020 16h28

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Quem está cansado da mesmice no design dos celulares nos últimos anos e procura algo diferente tem bons motivos para comemorar. Em cerca de uma semana nada menos do que dois smartphones dobráveis chegaram ao mercado nacional, ressuscitando o design “flip” que era febre até a popularização dos smartphones há pouco mais de uma década.

O Galaxy Z Flip e o Motorola RAZR tem abordagens diferentes: enquanto o modelo da Samsung foi feito para ser um “topo de linha”, capaz de competir em especificações com os melhores aparelhos do mercado, o smartphone da Motorola tem hardware mais modesto e aposta na nostalgia para cativar os consumidores.

Entretanto, eles chegam ao mercado com o mesmo preço, o que torna uma comparação direta inevitável. Na dúvida sobre qual escolher? Veja a seguir os pontos fortes e fracos de cada um.

Design

Diz o ditado que “a beleza está nos olhos de quem vê”, então este é um ponto bastante subjetivo. O Galaxy Z Flip tem um design mais conservador, quadradão, que quando fechado lembra um Gameboy Advance SP ou o velho Motorola Flipout.

O que chama a atenção é o acabamento espelhado, mas embora lindo nas fotos ele acumula marcas de dedos com uma facilidade imensa. Não é recomendado para quem tem obsessão por deixar o smartphone impecavelmente limpo.

Reprodução

Comparação entre o Samsung Galaxy Z Flip e o Gameboy Advance SP. As imagens não estão em escala

Já o RAZR evoca a nostalgia pelo “velho RAZR“, o primeiro “fashion phone”, que foi uma febre mundial quando lançado em 2004 e que vendeu mais de 130 milhões de unidades mundialmente ao longo de quatro anos no mercado. Até mesmo o tradicional “queixo” na base do aparelho está presente, usado para abrigar o sensor de impressões digitais e alto-falantes.

Reprodução

Novo RAZR (ao centro), comparado ao modelo original em várias cores.

O aparelho da Motorola está disponível na cor preta e, somente no mercado americano, também na cor dourado. Uma decisão estranha, já que o RAZR original era conhecido pelas suas variantes em cores como “Hot Pink” e outras, uma inovação na época. Já o Galaxy Z Flip tem versões em roxo, preto e, em alguns mercados, dourado (ainda não sabemos se este estará à venda no Brasil).

Tela

Aqui o RAZR tem pontos fortes e fracos. Por um lado a tela interna é menor e tem resolução mais baixa que a do Galaxy Z Flip. São 6,2 polegadas com 876 x 2142 pixels, contra 6,7 polegadas e 1080 x 2636 pixels no aparelho da Samsung.

Ambas são telas flexíveis com tecnologia OLED, mas há um diferencial muito importante: o RAZR uma tela de plástico, que é bastante delicada, assim como as telas de outros dobráveis como o Galaxy Fold ou Huawei Mate X. Há relatos de telas nas mãos de usuários, ou em pontos de venda, falhando após poucos dias de uso.

Já a tela do Galaxy Z Flip é coberta por vidro flexível, o que em teoria lhe dá maior resistência. Entretanto, isso só poderá ser comprovado na prática. O fato é que a tecnologia de telas flexíveis ainda está na sua infância, e as fabricantes ainda têm muito a aprender até chegarmos à confiabilidade das telas rígidas tradicionais.

No quesito tela externa o RAZR leva vantagem, já que usa uma tela OLED de 2,7 polegadas com resolução de 600 x 800 pixels. Parece pouco, mas é o suficiente para que possa ser usada para ler notificações e mensagens, ou como viewfinder para que você possa fazer selfies usando a câmera traseira, com o aparelho fechado.

Reprodução

A tela externa do Galaxy Z Flip é minúscula. A do RAZR é maior e muito mais útil.

A tela externa o principal ponto fraco do Galaxy Z Flip. Ela é minúscula: apenas 1,1 polegadas com resolução de 300 x 112 pixels. É espaço suficiente para algumas palavras ou ícones, mas não mais do que isso. OK, ela até pode ser usada como viewfinder para selfies, mas vai ser difícil compor uma cena com algo tão pequeno. Melhor usar a câmera frontal e a tela interna.

Câmeras

O Galaxy Z Flip tem três câmeras: duas ficam na traseira, uma com uma objetiva normal e outra uma grande-angular, ambas com sensores de 12 MP. A câmera frontal tem um sensor de 10 MP. Um ponto importante é que a objetiva normal tem estabilização óptica de imagem, algo muito útil para evitar fotos “tremidas”, especialmente em condições de pouca luz, quando o obturador fica aberto por mais tempo.

O RAZR tem um conjunto de câmeras mais conservador. Na traseira há apenas uma câmera, com sensor de 16 MP e objetiva normal. Entretanto há um sensor de profundidade (ToF – Time of Flight) usado para detectar a distância entre a câmera e objetos na cena, o que garante as fotos com o popular “modo retrato”. A câmera frontal tem um sensor de 5 MP, mas considerando que é fácil fazer selfies com a câmera traseira, graças à tela externa, isso não é um ponto tão crítico: é provável que você vá usar a frontal apenas para videochamadas.

Desempenho

Aqui está a principal diferença entre os dois aparelhos. O RAZR tem um processador que a própria Qualcomm classifica como “intermediário premium”, o Snapdragon 710, acompanhado por 6 GB de RAM e 128 GB de memória interna. Isso é ruim? De forma alguma. É uma configuração que atende perfeitamente todas as necessidades de um usuário médio no dia-a-dia. Porém… é menos que o oferecido pela concorrência, pelo mesmo preço.

O Galaxy Z Flip tem ficha técnica de um topo de linha. O processador é o Qualcomm Snapdragon 855+, o mesmo usado em smartphones gamer como o ASUS ROG Phone II, acompanhado por 8 GB de RAM e 256 GB de memória interna.

Isso vai lhe dar muito mais desempenho em jogos, mas o mais importante é que é uma configuração que vai demorar mais para parecer “lenta”, o que é importante para quem pretende manter o smartphone por muito tempo (algo sensato, considerando os preços).

Bateria

Este é um ponto onde a capacidade da bateria não é a única coisa que importa (o consumo dos componentes no geral e o gerenciamento de energia são tão, ou mais, importantes), porém a capacidade de 2.510 mAh do RAZR é preocupante, comparada aos 3.300 mAh do Galaxy Z Flip.

A série 700 de processadores da Qualcomm é conhecida por ter baixo consumo, mas por enquanto não há como saber se é o bastante para compensar a diferença de 24% na capacidade em favor da Samsung.

Porém, como disse, há muitos outros fatores que influenciam no consumo de bateria, e este é um ponto que só ficará claro após análise dos dois aparelhos no dia-a-dia.

Preço

Ah, o preço… ambos chegam às lojas pelo mesmo valor: módicos R$ 9.000 (ok, R$ 8.999 no caso do RAZR). Sim, são muito caros. Mas é o preço a se pagar para ser “early adopter” de uma nova tecnologia como a dos smartphones dobráveis. Os primeiros usuários sempre pagam mais caro, até a tecnologia ser barateada e começar a aparecer em aparelhos mais acessíveis. Quem aqui se lembra das primeiras TVs de tela plana, que na época da Copa de 2006 custavam R$ 36 mil?

Entretanto, é possível comprar smartphones “tradicionais” com especificações similares por muito menos. Como exemplo, um Samsung Galaxy S10+ com 8 GB de RAM e 512 GB de memória interna (duas vezes mais que no Galaxy Z Flip, quatro vezes mais que no RAZR) sai por menos da metade do preço, R$ 4.499,10 no site da Samsung no Brasil.

Reprodução

O Galaxy S10 Plus tem hardware equivalente ao do Galaxy Z Flip, por menos da metade do preço.

Mesmo os caríssimos iPhones custam menos que um dobrável. O iPhone 11 Pro, com 256 GB de memória interna, custa R$ 7.799 no site da Apple no Brasil. E menos ainda se você decidir importá-lo: US$ 1.149 (cerca de R$ 4.979 na cotação atual).

A questão não é o preço, é o quão forte é o seu desejo por um smartphone dobrável. Se ele é incontrolável, vá em frente. Mas quem puder esperar mais alguns meses (ou um ano) certamente pagará muito menos.

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital