Tecnologia antipirataria rende processo de US$ 1,3 milhão à Samsung

Ferramenta obrigatória em aparelhos de Blu-ray está cobrando a empresa coreana por dois anos de taxas de licenciamento que supostamente não foram pagas
Renato Mota22/09/2020 20h27

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A empresa de proteção de conteúdo Verance acionou a Justiça dos Estados Unidos contra a Samsung por uma suposta falta de pagamento das taxas de licenciamento para uso de uma tecnologia antipirataria. O site TorrentFreak afirma que teve acesso ao processo, e que o pedido de indenização é de cerca de US$ 1,3 milhão.

De acordo com o documento, por dois anos a Samsung negligenciou o pagamento do licenciamento da ferramenta Cinavia, usada em aparelhos de Blu-ray para impedir que conteúdo copiado ou baixado seja reproduzido. A solução da Verance incorpora marcadores digitais especiais em faixas de áudio de filmes que poderiam ser detectadas posteriormente.

Em 2012, a ferramenta de detecção passou a ser obrigatória em todos os reprodutores de discos Blu-ray. Quando o código Cinavia é encontrado em uma cópia de um disco ou mesmo em um filme baixado da Internet, o dispositivo de reprodução associado é capaz de impedir a reprodução da cópia não autorizada. O Cinavia funciona até em vídeos filmado em cinemas.

Apesar de obrigatório para os fabricantes, o uso da ferramenta não é gratuito – e rende à Verance uma boa renda em taxas. A ação judicial alega que, em 2011, a empresa chegou a um acordo com a Samsung para incorporar a tecnologia Cinavia em seus produtos, e desde então, mais de 40 milhões de players Blu-ray contendo a tecnologia foram produzidos.

Samsung/Divulgação

Blu-Ray 4K da Samsung. Imagem: Samsung/Divulgação

A partir de 2017, porém, Verance alega a Samsung não poderia mais cumprir essas condições técnicas do acordo e por isso passou a cobrar novas taxas associadas ao serviço. As partes não chegaram a um acordo e, de acordo com o processo, a Samsung nunca assinou um novo contrato e não pagou nenhuma taxa de licenciamento para os sete milhões de produtos enviados contendo Cinavia entre julho de 2017 e setembro de 2019.

E agora a Verance está mandando a conta para a Samsung, que de acordo com a empresa é de US$ 1.010.737,65 em taxas de licenciamento, além de multas por atraso de 1,5% ao mês, que totalizam US$ 299.267 em junho de 2020. “A Verance foi prejudicada pela recusa da Samsung em pagar as taxas de licenciamento e atrasos. Além de seus danos, a Verance também tem o direito de recuperar seus honorários advocatícios razoáveis ​​e outros custos incorridos em conexão com esta ação”, diz o processo.

Desde fevereiro de 2019, a Samsung vem se retirando do mercado de players de Blu-ray. “A Samsung não vai mais lançar novos modelos de tocadores Blu-ray ou Blu-ray 4K no mercado dos Estados Unidos”, disse um porta-voz da Samsung à CNET na época. Em março deste ano, um relatório da MPA apontou que DVDs e Blu-rays representavam apenas 10% do mercado de entretenimento em 2019 – uma queda de 22% em relação ao ano anterior.

No mesmo período, os serviços de streaming cresceram 28%. Ao mesmo tempo, reprodutores de vídeo em software não detectam os marcadores Cinavia, portanto, não afetam o consumo de mídia de quem assiste filmes e séries pirateadas em aparelhos que não são Blu-ray, o que tornou a tecnologia da Verance praticamente obsoleta.

Via: TorrentFreak

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital