Há quase exatamente um mês, Felix Kjellberg, mais conhecido como PewDiePie, publicou um vídeo no qual afirmava que não faria mais comentários jocosos relacionados ao nazismo. Mas ele não prometeu nada sobre não ser racista.
Aconteceu neste fim de semana. Kjellberg fazia uma transmissão ao vivo enquanto jogava “PlayerUnknown’s Battlegrounds”; em determinado momento, aparentemente irritado por não conseguir acertar um alvo, ele solta: “What a fucking nigger”.
A última palavra, que tem uma tradução próxima de “preto” ou “crioulo”, é considerada tão ofensiva para negros em países de língua inglesa que costuma ser escrita com censura pela imprensa local. A frase em português daria algo como “que crioulo do cara**o”.
PewDiePie, the biggest YouTuber, on his livestream: ‘What a fucking n-word’. pic.twitter.com/mISevBEn4T
— THE POP HUB 👄 (@ThePopHub) 10 de setembro de 2017
Como se trata de Kjellberg, uma figura polêmica com mais de 57 milhões de seguidores apenas no YouTube, muita gente tentou defendê-lo alegando que inglês não é seu primeiro idioma e, portanto, ele não sente o peso real de suas palavras. O problema é que, como sueco, Kjellberg vem de uma cultura reconhecida por possuir a maior fluência em inglês como sendo segunda língua, e o youtuber já deu provas suficientes de que possui proficiência no idioma.
Footage of PewDiePie saying that he forgot he was live right after he said the n-word. Casually laughing it off. #PewdiepieIsOverParty pic.twitter.com/6pqOjJPEh7
— THE POP HUB 👄 (@ThePopHub) 10 de setembro de 2017
Em meio à polêmica, Sean Vanaman, cofundador da Campo Santo Games e criador de “Firewatch”, postou uma série de comentários no Twitter afirmando que entraria com um processo para forçar o YouTube a tirar do ar todos os vídeos de Kjellberg em que ele aparece jogando “Firewatch” e proibi-lo de postar qualquer material da desenvolvedora.
E parece que a ação veio rápida, já que um vídeo de 2016 que mostrava o youtuber jogando “Firewatch” saiu do ar. Ele tinha 5,7 milhões de visualizações, como notou o próprio Vanaman em seus tweets.
“Há uma certa linha de manobra que você precisa ter com a internet quando acorda todos os dias para fazer videogames”, escreveu, em relação ao fato de que as desenvolvedoras permitem que youtubers publiquem muitas vezes a íntegra de seus jogos na internet. “Mas também há um ponto de ruptura”, continuou. “Estou cansado dessa criança ganhando mais e mais chances de fazer dinheiro com o que a gente cria. Ele é pior que um racista enrustido, é um propagador de lixo desprezível que causa danos reais à cultura em torno dessa indústria.”
He’s worse than a closeted racist: he’s a propagator of despicable garbage that does real damage to the culture around this industry.
— Sean Vanaman (@vanaman) 10 de setembro de 2017
Essa não é a primeira grande polêmica de Kjellberg, que chegou a perder parcerias milionárias com Disney e Google por ter postado uma série de vídeos em que fazia “piadas” com nazismo. No mês passado, em face às manifestações de cunho racista que aconteceram nos Estados Unidos, ele postou um vídeo se mostrando arrependido. “Não acho que ninguém que me assiste pense que eu seja realmente um nazista, mas eu sei que algumas pessoas podem ter dúvidas, principalmente devido a todas as piadas que eu venho fazendo”, comentou.
Não é para menos. Em um dos vídeos que lhe causaram problemas, homens pagos pelo youtuber aparecem segurando uma placa em que se lê: “Morte a todos os judeus”. Em outro, um homem fantasiado de Jesus diz que “Hitler não fez nada de errado”. Há vídeos com exposição da suástica, com fotos de Adolf Hitler, com o hino do Partido Nazista… em um deles, Kjellberg aparece usando um boné com a inscrição “Make America Great Again”, slogan de campanha do hoje presidente americano, Donald Trump.