Dia internacional do gamer: conheça as histórias de dois atletas de e-sports

O esporte eletrônico exige dedicação, como acontece em qualquer outra carreira
Roseli Andrion29/08/2019 00h21, atualizada em 29/08/2019 15h15

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Stephanie “Teh” Campos, de 24 anos, era apenas uma garotinha quando via o irmão jogar videogame. “Comecei a brincar ali com ele em títulos como ‘Guitar Hero’, ‘Need for Speed’ e ‘Call of Duty’”, lembra. Ela ainda não sabia, mas dava os primeiros passos em sua futura carreira: hoje, Teh integra a equipe Athena’s e-Sports de “Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO)”.

Outro jogador que começou por acaso foi Carlos Romão, de 37 anos. “Meu pai queria que eu e meu irmão nos tornássemos mais próximos e passássemos mais tempo juntos”, conta. “Me disse para escolher um jogo e eu encontrei o ‘Magic: the Gathering’.” Na época, Romão não imaginava que se tornaria um atleta profissional da versão online do título.

Neste Dia Internacional do Gamer (29), o Olhar Digital conversou com esses dois atletas de e-sports e conta um pouco de suas trajetórias nesse universo. Conheça, a seguir, mais sobre Teh e Romão. E, se você quer seguir essa profissão, inspire-se neles!

Depois de jogar com o irmão na infância, Stephanie “Teh” Campos foi apresentada ao Counter-Strike 1.6 por amigos na escola. “Era 2010 ou 2011 e eu me envolvi bastante com o jogo”, diz. “Foi tanto que eu acabei em uma equipe feminina, mas era um time ruim”, brinca.

Quando “CS:GO” foi lançado — há sete anos, em agosto de 2012 —, Teh não gostou dele. “Ganhei um beta do jogo, mas não me animei muito e deixei de lado. Além disso, como há poucas oportunidades, parei de jogar e voltei várias vezes. Até que, um tempo depois, conversando com outras jogadoras, decidimos criar uma equipe feminina.”

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Foi assim que ela chegou à Athena’s e-Sports. “Jogávamos por jogar, sem organização”, diz. “Então, conversamos com o Rafael [“Chanceler” Costa] e ele nos contratou.” Teh explica que as integrantes da equipe ainda não são remuneradas, mas que trabalham para se tornarem profissionais. “Hoje, meu sonho é ser jogadora profissional na modalidade: ganhar dinheiro apenas jogando.”

Os treinos do time acontecem de segunda a quinta-feiras, das 19h30 às 23h. Os fins de semana são livres, mas as jogadoras podem ser convocadas para práticas extras se for necessário. “Isso acontece, por exemplo, quando há campeonatos em andamento”, diz ela. Nas horas vagas, Teh continua conectada ao jogo eletrônico: ela joga “Dead by daylight” para se distrair.

Paralelamente à atuação como atleta de e-sports, Teh gosta da prática esportiva tradicional: está no último ano da graduação em Educação Física. “Ser personal trainer é meu plano B.” Ela conta que recebe apoio da família, mas que eles gostam de saber que ela vai ter uma opção no futuro se a carreira gamer não for bem-sucedida.

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Mesmo assim, ela ressalta que eles a incentivam muito. “Minha mãe não gostava, mas me deixou jogar com a condição de que eu terminasse a faculdade. Com os resultados que consegui ao longo dos anos, ela ficou mais animada”, explica. “Meu pai e meu irmão sempre acharam legal ter uma gamer na família”, diverte-se.

Atualmente, a equipe da Athena’s e-Sports está classificada para a etapa São Paulo da GirlGamer eSports Festival (que vale vaga para a competição em Dubai) e para o Campeonato de CS:GO Feminino da BGS Esports. Além disso, disputam a Liga Aberta GamersClub: perderam de 16 a 14 na estreia e na quarta-feira (28) ganharam de 16 a 13 do Haliaeetus ARG no segundo game do campeonato.

Das cartas para a tela

Era 1997 quando Carlos Romão conheceu “Magic: the Gathering” — que havia sido lançado recentemente em português. O incentivo veio do pai, que queria que ele e o irmão se tornassem mais unidos, mas a chegada ao universo profissional foi quase acidental. “Meu irmão até jogou um campeonato comigo, mas se desinteressou em seguida. Eu segui firme”, conta.

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Tão firme que atualmente, aos 37 anos, tem contrato com a Wizards, que é a dona do jogo, e faz parte da primeira liga profissional de Magic Arena. O acordo vai até dezembro e a renovação virá se ele estiver bem colocado. “Hoje, são 32 integrantes e os 20 melhores vão continuar”, explica. “Estou em 20º e estou animado porque consegui melhorar meu desempenho desde o início do ano.”

Dois anos depois de começar a jogar, Romão participou de seu primeiro campeonato profissional. “Faz 20 anos, foi em 1999. Só me tornei profissional, porém, quando venci o campeonato mundial, em 2002.”

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Ele conta que a família sempre o incentivou. “Eu brinco que foi a pressão deles que me motivou. Meus pais pagaram as despesas de quatro ou cinco viagens e eu não obtive resultados significativos. Na competição de 2002, que foi na Austrália, veio a notícia: seria a última vez que pagariam.”

Romão conquistou o título de campeão, ganhou US$ 35 mil e percebeu que tinha talento para a atividade. Deixou a faculdade de Publicidade e Propaganda e passou a se dedicar ainda mais ao jogo. “Tempos depois, um amigo entrou na faculdade de Relações Internacionais e me chamou para estudar com ele. Fui mais para ter um diploma e só me formei porque conheci minha atual noiva lá e ela me motivou a ir até o fim, mas nunca trabalhei na área.”

Com a popularização da internet, “Magic” chegou, em 2002, ao universo virtual. Começou com o “Magic Online” — “era como em um simulador da vida de um jogador”, diz Romão — e chegou ao “Magic Arena”, que é o ambiente em que acontecem as competições atualmente.

Em 2010, Romão foi campeão mundial de “Magic Online”. “Essa plataforma foi importante para posicionar o jogo no mercado de e-sports. Foi com o desenvolvimento da ‘Arena’, entretanto, que ficou mais fácil explicar o jogo. Sem contar que ela é visualmente muito mais bonita que o ‘Online’”, avalia.

A rotina de treino do atleta inclui partidas diárias para manter a preparação mental e o foco. Quando há torneios, é preciso enviar a lista do baralho previamente — às vezes, até duas semanas antes. “A partir daí, os treinos se resumem a atividades para manter a jogabilidade porque não se pode mudar mais nada.”

Apesar de não ser um gamer hardcore, como ele mesmo diz, Romão gosta de se divertir com jogos eletrônicos nas horas vagas. “Atualmente, jogo o PUBG como passatempo”, comenta.

E você, quer ser um gamer profissional? Como tem se preparado para isso? Amanhã, leia aqui no site informações sobre o mercado de e-sports, quais são as características desejáveis para esse atleta e como a atividade é regulamentada.

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital