A agitação civil que se seguiu à divulgação das imagens do assassinato de George Floyd pela polícia de Minneapolis motivou o ressurgimento do Anonymous, um famoso coletivo hacker ativista.
O alvo da vez é o presidente norte-americano Donald Trump. O coletivo fez circular acusações antigas de estupro, abuso sexual e violência física contra Trump, supostamente tiradas de documentos roubados de um escritório de advocacia de Nova York.
Como qualquer aliado do presidente também se torna um alvo em potencial, o Anonymous Brasil divulgou nesta segunda (1º) dados privados do presidente Jair Bolsonaro e seus familiares, dos ministros da Educação, Abraham Weintraub, e dos Direitos Humanos, Damares Alves, do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) e do empresário Luciano Hang, cofundador da Havan.
Anonymous Brasil vaza dados pessoais de autoridades brasileiras em 1º de junho. Imagem: arquivo Olhar Digital
Entre idas e vindas, o famoso coletivo está na ativa (e na mídia) desde o início dos anos 2000. Natural, uma vez que não se trata de uma organização liderada e que possua uma agenda – cada célula é independente e em muitos casos não se comunicam. Apesar disso, possuem em comum o lema “somos legião”, as táticas cibernéticas e objetivo de expor aqueles que consideram abusadores do poder.
Sem exibir rostos, o Anonymous ganhou as manchetes de jornais de todo o mundo pelos traços do personagem Guy Fawkes, um revolucionário britânico que teve participação na “Conspiração da Pólvora”, atentado cujo objetivo era assassinar o rei James I e os membros do Parlamento inglês. Até a década de 1980, o personagem era familiar apenas e quase que exclusivamente aos britânicos. Isso mudou quando Alan Moore o lançou na graphic novel “V de Vingança”, e o caracterizou como um anarquista que veste uma máscara para derrubar um governo fascista corrupto. Em 2006, a HQ virou filme, e o acessório ganhou a cultura pop.
Entretando, o seu primeiro símbolo estético do Anonymous foi o homem verde sem rosto de terno – e isso tem a ver com a origem do coletivo, o fórum 4Chan. Como o espaço de discussão é anônimo, os usuários são identificados como “anonymous” ou “anon”, e a figura sem rosto seria sua personificação.
Green Anon, o “mascote” original dos Anonymous. Imagem: Reprodução
Entre suas ações mais notáveis, o grupo expôs polêmicas relacionadas à Igreja da Cientologia, mobilizaram uma “vingança” para o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e colaboraram com o movimento Ocuppy em diversos lugares do mundo. Em sua reencarnação mais recente, o Anonymous derrubou o site do departamento de polícia de Minneapolis com um ataque DDoS (Distributed Denial of Service), uma de suas táticas mais comuns.
Outra ferramenta eficaz de propaganda é o “deface”, que consiste em invadir um site e descaracterizá-lo. Fato ocorrido recentemente com uma página de uma agência das Nações Unidas, transformada em memorial para o George Floyd, substituindo seu conteúdo pela mensagem “Rest in Power, George Floyd”, junto a um logotipo do Anonymous.