Apple desiste de fortalecer criptografia do iCloud a pedido do FBI

Empresa planejava usar um método que impediria que tivesse acesso aos dados, mesmo com ordens da justiça. FBI alegou que decisão iria "prejudicar as investigações"
Rafael Rigues21/01/2020 14h44, atualizada em 21/01/2020 14h49

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Segundo um artigo publicado na agência de notícias Reuters a Apple suspendeu planos para criptografar completamente os backups dos dados de seus usuários armazenados no iCloud após pedidos do FBI.

Os backups são criptografados, mas há duas cópias da chave. Uma fica com o usuário e a outra com a Apple. A empresa defende esta estratégia dizendo que é necessária para que os usuários possam recuperar o acesso às suas contas e dados caso esqueçam a senha. De acordo com o CEO Tim Cook: “fazemos isto porque as pessoas perdem, ou esquecem, a chave e esperam que possamos ajudá-las a recuperar seus dados.

Mas isso também permite que a Apple decodifique os dados dos usuários e os entregue ao FBI ou agências do governo quando isso é legalmente exigido. Em 2018 a empresa planejava fechar essa “porta”, aplicando o mesmo método de criptografia de ponta-a-ponta com chave única, usado nos iPhones, mas teria sido convencida a abandonar os planos, pois a mudança iria “prejudicar as investigações”, segundo fontes citadas pela Reuters.

“O Jurídico matou a idéia, por razões que você pode imaginar”, disse um ex-funcionário da Apple. Segundo ele, a empresa não queria correr o risco de ser atacada por governantes por “proteger criminosos”, ser processada por mover dados previamente acessíveis para fora do alcance de agências governamentais ou usada como desculpa para a criação de novas leis contra a criptografia.

A Apple enfatiza seu respeito à privacidade dos usuários, e frequentemente rejeita pedidos de agências governamentais para criar métodos para desbloquear os iPhones de criminosos. Segundo a empresa, criar uma “porta dos fundos” (backdoor) colocaria em risco todos os seus usuários, pois uma forma de acesso que funcione para a polícia também poderia ser usada por malfeitores para acessar e roubar dados de aparelhos.

Fonte: Reuters

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital