Diário de bordo: como o Linux se sai para rodar jogos – parte 2

Novo capítulo da série de Linux para jogos mostra como o sistema do pinguim se sai ao rodar games do Windows. Confira!
Alvaro Scola11/10/2019 22h25, atualizada em 09/11/2019 12h00

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No mês passado, o Olhar Digital iniciou um diário de bordo para saber como o Linux se saia para rodar os jogos. Assim, na primeira parte, foram testados apenas jogos com versões nativas para o sistema do pinguim, que apresentaram uma boa performance nos testes realizados.

Para este segundo capítulo, como prometido, o Olhar Digital foi atrás de rodar jogos do Windows no Linux, já que boa parte dos títulos grandes ainda marcam presença apenas no sistema da Microsoft. Confira a seguir, como o Linux se saiu para rodar os jogos do Windows.

Rodando os jogos do Windows no Linux com a Steam

No ano passado, a Steam disponibilizou em sua versão para Linux, o Proton, um recurso para jogar os títulos do Windows no sistema do pinguim. A ferramenta, é preciso lembrar, está constantemente em desenvolvimento e possui alguns títulos “certificados”, que devem rodar sem problemas, mas pode ser utilizada também com qualquer jogo, sem uma garantia de que eles rodarão ou não terão bugs.

A ativação desse recurso é feita de forma bem simples através da interface da Steam, ou seja, nada de terminal e nem de instalação feita por outros locais como repositórios e outros. Para usar o Proton, basta seguir estes passos:

  1. Na tela principal do programa, basta clicar em “Steam” e entrar em “Configurações”;

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  2. Já na guia “Steam Play”, é só ativar as opções relacionadas a ele e, caso necessário, selecionar a sua versão.

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Após ter seguido os passos acima, o Steam fará um download do Proton e de alguns arquivos extras, já listando todos os títulos que você tem em sua Biblioteca, sem filtrar se eles são para Windows ou Linux. Ao instalar um jogo com versão apenas para o sistema da Microsoft, o próprio Steam já fará a instalação dos “runtimes” necessários do jogo para rodar.

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O primeiro teste com o Proton foi realizado no clássico Skyrim na versão Special Edition, que tem algumas melhorias em relação ao título original. Ele rodou com todos os gráficos no máximo e sem qualquer bug aparente, ao menos em uma hora de jogo. A taxa de quadros foi praticamente a mesma do Windows sempre perto dos 60 quadros por segundo, ou seja, sem lentidões.

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O segundo teste foi com o Project Cars 2, um jogo de corrida bem conhecido para computadores. Aqui, tive que fazer a alteração da versão utilizada do Proton na própria Steam para sair de um loading infinito, algo simples de ser feito no menu que mostramos acima. Já em jogo, pude rodá-lo sem lentidões deixando o seu gráfico no alto com algumas configurações como sombras e anti-aliasing no médio/baixo.

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Já o terceiro da game da vez foi o The Witcher 3, que rodou sem precisar fazer nenhuma modificação na versão do Proton. O jogo teve um bom desempenho e não apresentou bugs, rodando apenas um pouco mais lento do que no Windows 10, mas perfeitamente jogável com as configurações no médio/baixo, tendo entre 45 a 55 quadros por segundo.

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Para um outro teste mais simples e bem leve, mas ainda um dos meus jogos favoritos, fiz o teste do Sonic Mania, que teve a DRM Denuvo removida de seu executável. Aqui, o jogo rodou sem nenhum problema e sem precisar de qualquer configuração.

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Por sua vez, o último jogo testado com o Proton foi o Monster Hunter World, que roda no baixo no Windows com alguns detalhes no médio. No Linux, o jogo ficou jogável também, mas para isso foi necessário deixar a sua resolução em HD e com tudo no baixo. Para ele, até li sobre um patch para processadores que poderia ajudar, mas não consegui fazer a sua instalação. Enfim, ele roda no Linux sem bugs gráficos e, aqui, o fato dele ter ficado lento, se deve a configuração de meu PC. Infelizmente, fico devendo a screenshot desse jogo, já que a mesma saiu cortada em diversas tentativas.

Rodando jogos do Windows de fora da Steam

Além de rodar jogos do Windows pelo Steam no Linux, assim como foi mencionado na matéria anterior, existem outras alternativas para jogar o que não está na loja da Valve. Um desses programas é o Lutris, que funciona como um launcher de jogos do Windows, sendo que ele também tem suporte para importar títulos de sua conta do Steam e da GOG.

A instalação do Lutris é bem simples, podendo ser realizada com arquivos DEB, que são baixados nesse link. Antes de instalar o Lutris, entretanto, segui as instruções de sua página oficial que pedem para instalar o Wine na versão Staging e o Dxvk, que em uma explicação simples, serve para fazer o Direct X rodar no Vulkan no sistema do pinguim.

Assim, esta foi a ordem seguida:

  1. Instalei o Wine seguindo estas instruções de acordo com a minha distribuição;
  2. Instalei o Dxvk de acordo com as instruções do Github do Lutris;
  3. Instalei o Lutris com o arquivo DEB, que traz o processo de instalação de forma gráfica.

O primeiro jogo escolhido por mim para testes aqui, foi o Overwatch. Já o processo de instalação dele foi bem simples, precisando ir apenas até a sua página no Lutris e clicar em “Install”. Então, o Lutris baixou Battle.Net (Aplicativo da Blizzard para iniciar seus jogos) e por lá, o processo foi igual baixar qualquer jogo da Blizzard no Windows. Já em relação ao desempenho, o jogo rodou da mesma forma que no Windows, com os gráficos configurados para o alto com detalhes no médio ou baixo.

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Já o segundo teste no Lutris foi feito com o League of Legends, que possui outras maneiras de ser rodado no Linux. Apesar dessas outras opções, fui direto pelo Lutris, que já vem até mesmo com o D9VK ativado. Apesar do League of Legends ser mais leve que o Overwatch, aqui, eu tive que rodá-lo com as configurações gráficas em “médias-altas”, possuindo uma taxa de quadros entre 90 a 140 frames por segundo. No Windows, o jogo tem a média de 170 frames por segundo nas configurações muito altas, somente com as sombras no médio.

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Conclusão

O Linux evoluiu bastante quando o assunto é rodar jogos. Graças ao Proton e ao Lutris, hoje, a tarefa de rodar os games no sistema do pinguim foi bem facilitada e, em quase todos os casos, só é preciso seguir as instruções dadas no instalador, que as vezes possuem uma observação. Outro fato bem positivo, é que nos títulos que rodei, dificilmente vi algum bug ou outro tipo de glitch gráfico.

Durante minhas pesquisas, entretanto, ainda devo alertar que nem todos os jogos são compatíveis com o Linux, principalmente aqueles online que possuem mecanismos anti-cheat para evitar trapaceiros. Nesses casos, infelizmente, muitas vezes o fato de o jogo estar sendo rodado no Linux faz com que esse mecanismo entre em ação e barre o processo.

Assim, por exemplo, o Fortnite e o PUBG, dois jogos populares do momento ainda não funcionam no Linux. O próprio League of Legends mencionado aqui, as vezes deixa de funcionar com algumas atualizações e precisa que os desenvolvedores atualizem o método de acesso ao jogo. Mas, ainda assim, a biblioteca do que você já pode jogar no Linux é imensa e suas comunidades voltadas para jogos estão crescendo!

Esclarecimentos e agradecimentos

Antes de finalizar a matéria, fica aqui um agradecimento pelos comentários e críticas construtivas, que compartilharam experiências diferentes e trouxeram sugestões para o segundo artigo. Em especial, fica um agradecimento à canais do YouTube focados em Linux, como o do Diolinux, uma das principais referências em Linux, que postou um vídeo se colocando à disposição para nos ajudar a implementar nossa matéria.

Como se passou quase um mês desde a última matéria, também deixo uma pequena atualização do que ocorreu nesse tempo. A Steam passou a funcionar em minha máquina sem ser na versão Flatpak após ter feito a mudança da versão do driver da NVIDIA pelo ambiente gráfico.

Em relação ao PC utilizado, fica o esclarecimento de que ele roda alguns dos jogos mencionados no alto com o Windows, mas não todos eles. Inclusive, o GTA V, ficou de fora dessa lista por problemas na nossa conexão e do espaço em disco na máquina, mas a matéria será atualizada com informações de como ele rodou posteriormente.

Já quanto aos métodos adotados, é válido lembrar que existe mais de uma maneira de realizar os processos no Linux. Assim, por não usarmos diariamente o Linux, alguns caminhos realmente podem ser mais simples do que os adotados e contamos contribuições para acrescentar informações no artigo.

Editor(a)

Alvaro Scola é editor(a) no Olhar Digital