USP investiga possíveis casos de reinfecção pelo novo coronavírus

Dois pacientes em São Paulo, que haviam se curado da Covid-19 em maio, voltaram a testar positivo para a doença
Davi Medeiros20/07/2020 10h59, atualizada em 20/07/2020 11h42

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Exames coletados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP sugerem que o novo coronavírus pode infectar a mesma pessoa mais de uma vez, embora os médicos considerem essa hipótese pouco provável. O alerta foi levantado após dois pacientes, que haviam se curado da Covid-19 em maio, voltarem a testar positivo para a doença.

À Folha, o hospital apresentou três possíveis explicações para a reinfecção. A primeira é que o vírus pode ter ficado inativo no organismo, e retornado devido a um episódio de baixa imunidade. É possível, também, que eles não tenham desenvolvido uma quantidade suficiente de anticorpos contra a doença.

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Pacientes voltaram a ter sintomas semelhantes à da Covid-19, o que pode indicar reinfecção. Imagem: Pixabay

A hipótese mais aceita, no entanto, é a de que os sintomas tenham voltado a aparecer por conta de outra infecção respiratória semelhante à Covid-19, e que os testes tenham dado positivo por ainda existirem fragmentos mortos do novo coronavirus no sangue dos pacientes. Agora, o hospital tenta encontrar a causa da outra doença por meio de novos exames.

Anna Sara Levin, presidente da Comissão de Infecção Hospitalar do HC, explicou ao jornal que já viu isso acontecer na pediatria. “As crianças pegam uma infecção, se curam, mas ficam meses testando positivo para o vírus que causou a doença já resolvida”, ela afirma.

Suspeitas de reinfecção na Coreia do Sul

Em abril, casos semelhantes aos verificados em São Paulo ocorreram na Coreia do Sul. Por lá, mais de 200 pessoas voltaram a testar positivo para o novo coronavírus.

Depois de investigar os casos, o país apresentou suas conclusões. Autoridades sul-coreanas afirmaram que os testes estavam encontrando, na verdade, partículas mortas do vírus no organismo dos pacientes — mesma hipótese tida como provável pelo Hospital das Clínicas.

Isso acontece porque o exame PCR (reação em cadeia da polimerase) é capaz de detectar a presença do material genético do vírus, mas não de dizer se ele está vivo.

A mesma explicação pode valer para a China, que também relatou casos de uma possível reinfecção. Vale ressaltar, no entanto, que o novo coronavírus pode sofrer mutações e, assim, reaparecer em suas diferentes versões. Nesse caso, ele seria semelhante ao vírus da gripe, que precisa de doses frequentes de vacina.

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital