Pesquisadores brasileiros desenvolveram um teste molecular rápido para o diagnóstico de Covid-19, cuja produção em larga escala deve começar antes do fim deste ano. O pesquisador-chefe do Instituto Senai de Inovação em Química Verde (ISI QV), Antonio Fidalgo, destacou que a descoberta não é apenas para o novo coronavírus; com pequenas modificações, ela poderá ser aplicada para qualquer outra doença viral. O ISI QV é ligado à Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), e a produção ficará a cargo da Scienco Biotecnologia, empresa de Santa Catarina parceira do projeto.

A fórmula usa estratégia de pontos quânticos (partículas microscópicas de semicondutores) para detectar a presença do novo coronavírus e poderá ser adaptada para qualquer outra forma diagnóstica, segundo Fidalgo, em entrevista à Agência Brasil. “Conseguimos desenhar uma molécula que fosse capaz de reconhecer o vírus”, explicou o pesquisador-chefe. “No momento em que esse reconhecimento acontece, a gente verifica um sinal fluorescente. Ele se torna rápido porque isso é imediato”.

A reação de fluorescência ocorre assim que a amostra coletada entra em contato com a solução. Caso o vírus esteja presente, a amostra se ilumina. “Ele se transforma em um teste molecular semelhante à metodologia padrão ouro de hoje, PCR, só que com resultado praticamente imediato”, reitera Fidalgo.

Reprodução

Teste brasileiro usa pontos quânticos para detectar Covid-19. Imagem: Reprodução

O teste é feito com as hastes de coleta de secreções da garganta e nariz, chamadas Swabs. As hastes são armazenadas em tubos contendo o reagente, que mudam de cor quando entram em contato com o vírus.

Ainda assim, Fidalgo não acredita que esse método substituirá o PCR, porque existe um protocolo de verificação do resultado. Segundo ele, a estratégia molecular desenvolvida pelo ISI QV e seus parceiros será mais confiável que os testes rápidos disponíveis atualmente, com a vantagem de ser mais ágil e barato. O objetivo da pesquisa é encontrar novas formas de combater a Covid-19 e aumentar a testagem da população.

Pequenos ajustes

Nos próximos dois ou três meses, a fórmula ainda passará por alguns ajustes finais, para que a Scienco Biotecnologia possa preparar a produção e distribuição dos testes. A expectativa é que eles estejam disponíveis para o mundo até dezembro.

A grande vantagem é que se trata de um “teste de custo reduzido, tecnologia nacional, fácil de usar, permitindo detecção imediata do vírus e não necessita de uma mão de obra altamente qualificada para a manipulação da formulação”, diz Maria de Lourdes Magalhães, diretora da Scienco e bioquímica da Universidade do Estado de Santa Catarina (UESC).

O projeto foi desenvolvido em apenas três meses, com financiamento do Departamento Nacional do Senai e da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), usando tecnologia 100% brasileira. Mais de 40 pesquisadores de quatro institutos (UESC, UFRJ e UFRRJ, sob liderança do ISI QV) participaram do estudo.

O edital estabeleceu que todas as informações são públicas, ou seja, qualquer empresa ou laboratório do Brasil ou do mundo pode produzir testes iguais, sem pagar nada pela fórmula. “É um projeto de inovações abertas. Tudo o que foi produzido aqui não será patenteado e será público”, disse Fidalgo. Durante a pandemia, a testagem em massa é essencial, então as informações ficarão disponíveis para todos.

Via: Agência Brasil