Técnica Israelense multiplica a capacidade de testes para a Covid-19

Método é uma variante dos testes agrupados; 'com kits para testar mil pessoas, conseguimos testar 8 mil', diz pesquisador
Rafael Rigues25/08/2020 14h03, atualizada em 25/08/2020 14h08

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Pesquisadores da Universidade Ben-Gurion no Negev (BGU), Instituto Nacional de Biotecnologia no Negev (NIBN), Universidade Aberta de Israel (OUI) e centro médico da Universidade de Soroka, todos em Israel, desenvolveram um novo método algorítmico que pode multiplicar por 8 a capacidade de testes para a detecção da Covid-19.

“Aproximadamente 10 a 30% dos pacientes infectados com COVID-19 são assintomáticos e uma disseminação viral significativa pode ocorrer dias antes do início dos sintomas”, disse o Prof. Angel Porgador, vice-presidente adjunto de pesquisa e desenvolvimento do BGU e membro do NIBN.

“Até que haja uma vacina, haverá uma necessidade urgente de aumentar a capacidade de testes de diagnóstico para permitir a triagem de populações assintomáticas e pré-sintomáticas. Este novo teste diagnóstico de estágio único ajudará a prevenir a propagação da doença, identificando esses pacientes mais cedo e a um custo menor, usando significativamente menos testes”, afirmou.

O método é uma variante dos testes agrupados que já são administrados por algumas instituições. Nestes, as amostras são agrupadas e o grupo todo é testado de uma vez. Se o resultado for positivo as amostras do grupo são testadas novamente, desta vez individualmente, para encontrar quais os pacientes infectados. Embora mais rápido que os testes individuais, este método não é eficiente em locais com grande índice de infecção.

Chamado P-Best, o método israelense é diferente: 384 amostras foram divididas em 48 grupos com 8 amostras cada. Cada amostra aparece em exatos seis grupos, o que é determinado usando um algoritmo combinatório específico.

Quando um grupo apresenta um resultado positivo, os pesquisadores só precisam verificar quais outros cinco grupos tiveram o mesmo resultado e qual a amostra comum entre eles. Usando este método, os pesquisadores conseguiram identificar cinco casos positivos de pacientes assintomáticos, sem ter de testar individualmente todas as amostras de um grupo.

“Com o mesmo número de kits que seriam necessários para testar 1.000 pessoas, conseguimos testar 8 mil pessoas. Isso é uma grande vantagem”, diz Porgador.

Segundo o Dr. Noam Shental, da divisão de ciência da computação da OUI, “O P-Best pode ser configurado de acordo com a taxa de infecção. Quanto menor ela for, maior e eficiência. O teste pode ser realizado em um laboratório de análises clinicas comum em qualquer lugar do mundo”.

Após os testes clínicos a BGU e a OUI criaram uma empresa, a Poold Diagnostics, para realizar testes de Covid-19 em larga escala. Em meados de agosto o Ministério da Saúde de Israel aprovou o uso do P-Best em laboratórios clínicos no país.

Fonte: Medical Express

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital