‘Seria um erro não ajudar’, conta cobaia da vacina do coronavírus

O engenheiro da Microsoft, Neal Browning, está na primeira leva de pacientes-teste de uma vacina que está sendo desenvolvida nos EUA: 'se posso contribuir, por que não?'
Renato Mota20/03/2020 20h30

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“Levem isso a sério. Se exagerarmos, talvez nunca saberemos se realmente foi exagero. Mas se não reagirmos, isso custará muitas vidas desnecessariamente. Aqueles que dizem que é apenas uma gripe ou que são jovens e não adoecerão: você pode estar infectado por mais de uma semana antes de ter sintomas. Pense em seus pais, amigos, avós e todos que você está contagiando sem querer”, afirma Neal Browning, um dos primeiros pacientes-teste de uma vacina contra o novo coronavírus em desenvolvimento nos Estados Unidos.

Engenheiro de redes para a Microsoft em Seattle, Browning foi a segunda pessoa a ser injetada com a vacina experimental contra o Covid-19 desenvolvida pela companhia norte-americana Moderna. Ele faz parte de um grupo de 45 indivíduos saudáveis, sem qualquer sintoma da doença, que se ofereceram voluntariamente para um teste de vacina no estado de Washington.

Em entrevista à CNN, Browning disse que está fazendo isso para “acabar com isso o mais rápido possível para o resto do mundo”, acrescentando: “Se eu sou saudável o suficiente para poder contribuir com pesquisas, por que não?”. Indo contra a corrente dos que acreditam em teorias da conspiração e boatos espalhados na rede, o engenheiro coloca sua esperança nos pesquisadores e médicos.

“Ciência, fatos e medicina são partes importantes da vida moderna. Eu digo às minhas três filhas que elas precisam tomar as vacinas contra a gripe, e comigo não pode ser diferente quando estou dando o exemplo. Se eu estiver saudável e puder ajudar a participar na tentativa de reduzir o sofrimento e as mortes associadas a esta pandemia, seria um erro não fazê-lo”, afirma Browning.

O teste da vacina começou na última segunda-feira (16) e deve durar seis semanas. A primeira fase quer estabelecer que a vacina é segura e induz a resposta desejada do sistema imunológico dos participantes. O vírus SARS-CoV-2 não está presente na vacina.

“Eles estão usando uma nova técnica que basicamente ensina as células do meu corpo a construir estruturas de proteínas que se assemelham à casca externa do coronavírus real. Meu corpo deve reagir a isso e veja-o como um invasor estrangeiro, ataque-o e aprenda a combater a estrutura que foi construída”, explica o engenheiro.

Para ajudar na pesquisa, Browning mantém um diário em que inclui informações sobre sua temperatura, possíveis efeitos colaterais ou outros fatores. Toda semana ele faz um exame de sangue. “Depois da coleta, nos asseguramos que o corpo está reagindo da maneira esperada, produzindo os antígenos que, esperançosamente, nos permitirão combater o coronavírus caso sejamos expostos a ele”, conta Browning.

Sobre possíveis efeitos colaterais, o engenheiro conta que até agora não sentiu nada. “A injeção não me machucou e houve apenas um ligeiro aperto no meu braço quando a vacina foi injetada. Na manhã seguinte, tive uma dor muito leve no músculo do local da injeção, mas uma vez que eu me movi e fiz o sangue fluir, ele desapareceu completamente em cinco minutos”.

Via: CNN/Futurism

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital