Com o passar do tempo, os órgãos de saúde passam a entender ainda mais sobre o coronavírus. Com isso, uma preocupação tem se mostrado cada vez mais presente: pessoas sem sintomas da doença podem não apenas ajudar a espalhar ainda mais a infecção, mas também estão alimentando sua propagação pandêmica em todo o mundo.
Em fevereiro, especialistas apontaram que o maior risco de contrair o coronavírus era estar perto de pessoas cujos sintomas já haviam se manifestado. O tempo em que uma pessoa está infectada, mas ainda não se sente doente, chamado de incubação, acontece em um período que vai de cinco dias a duas semanas. No entanto, ainda não havia ficado claro que as pessoas poderiam espalhar a doença nesse estágio.
No Brasil, um dos infectados foi diagnosticado como assintomático, ou seja, não apresentou os sintomas comuns do vírus, entretanto, estava infectado. Desde então, evidências de que pessoas estão espalhando o vírus sem apresentar sintomas continuam aumentando.
Levando essas informações em conta, alguns pesquisadores descobriram que as pessoas podem ser mais contagiosas antes e durante a primeira semana em que os sintomas começam, o que significa que liberam partículas virais infecciosas de maneira mais vigorosa.
Um claro exemplo disso foi apontado pela rede de televisão CNN no fim de semana. Em um conjunto de 82 casos relatados dentro de uma mesma empresa em Massachusetts, especialistas desconfiam que o contágio foi desencadeado por três funcionários que não apresentaram nenhum sintoma no momento em que espalharam a doença. Pesquisadores que também tentam traçar o caminho do surto em outros países ainda encontraram evidências substanciais de transmissão assintomática.
Estudo de disseminação
Em um estudo preliminar, publicado na revista científica MedRxiv, estima-se que cerca de 48% dos casos registrados em Singapura e 62% dos doentes em Tianjin, na China, foram infectados por pessoas pré-sintomáticas, ou seja, no período de incubação.
Embora a pesquisa não tenha sido revisada com as novas informações sobre o coronavírus ao nível mundial, ela corrobora um novo estudo, publicado pela revista Science, que constatou que 86% de todas as infecções na China antes de 23 de janeiro – quando restrições de viagem foram impostas – não foram documentadas.
“Essas infecções não documentadas geralmente apresentam sintomas leves, limitados ou inexistentes, portanto, não são reconhecidas e, dependendo de sua contagiosidade, podem expor uma parcela muito maior da população ao vírus do que ocorreria de outra maneira”, dizem os responsáveis pelo estudo da revista Science.
Embora, obviamente, as pessoas com sintomas leves e inexistentes possam ser menos contagiosas do que indivíduos em plena doença, são elas que continuam interagindo com outras pessoas e levando o surto adiante.
Se a proporção estimada entre pessoas com sintomas e quem não tem estiver correta, é possível dizer, hipoteticamente, que há cerca de um milhão de infectados em todo o mundo – isso com base nos 180 mil casos relatados.
Claro que muitos desses casos já podem ter se recuperado. No entanto, o que mais preocupa é que alguns países, como o próprio Brasil, estão apenas começando a implementar medidas protetivas contra a doença.
Os resultados das pesquisas reforçam, mais do que nunca, a importância do distanciamento social. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças recomenda que ninguém deve comparecer a reuniões com 50 ou mais pessoas, pelo menos nas próximas oito semanas.
Por aqui, alguns estados estão prestes a fechar cinemas, teatros, escolas e outros locais de concentram grande número de pessoas. Essas medidas foram adotadas pelas prefeituras de cada lugar para tentar controlar a disseminação do vírus, seja vindo de pacientes com sintomas ou não.
Via: GizChina