Robô desinfetante de ambientes fere pessoas nas Filipinas

Lâmpadas ultravioleta usadas pela máquina para sanitizar locais acabaram causando irritações nos olhos de 10 participantes de evento de testes
Rafael Arbulu23/09/2020 18h23, atualizada em 23/09/2020 19h13

20200903105225

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

A fabricante de robôs Robotic Activations, sediada nas Filipinas, tirou de circulação um modelo recentemente criado, chamado Keno, após seu evento de testes resultar em irritações oculares em 10 pessoas.

O Keno é um modelo desinfetante, cujo funcionamento se resume a andar de forma autônoma por ambientes, usando suas lâmpadas ultravioleta (UV) para limpar o local e combater ameaças nocivas como o novo coronavírus.

A ocasião marcava uma espécie de “estreia” do Keno em ambiente público, e contava com membros da imprensa filipina – alguns jornalistas estão entre os feridos. Os devidos cuidados médicos foram realizados no local e alguns dos afetados foram encaminhados ao atendimento hospitalar devido à irritação ocular mais grave.

O evento seguia seu curso no Centro de Convenções Baguio e, além de empresários e jornalistas, também contava com membros da equipe CODE local, um grupo globalizado de combate à pandemia da Covid-19.

A empresa já se desculpou pelo incidente, admitindo que se enganou na tomada de medidas de proteção, resultando nos ferimentos: “Nós sinceramente pensamos que estávamos empregando precauções suficientes quando a empresa pediu que nós ligássemos o robô, mas pelo visto, não estávamos”, disse Camille Anton, chefe de desenvolvimento de negócios da Robotic Activations, no domingo (20), dia do ocorrido.

O vídeo abaixo mostra o robô em ação (mas não o acidente):

A Robotic Activations afirmou já estar trabalhando na atualização dos protocolos do produto, mas não informou quando ele deve retornar à atuação pública. “Nós estamos oferecendo nossos serviços à cidade de Baguio de forma gratuita, primariamente no intuito de ajudar a cidade e demonstrar como a robótica pode ser uma grande aliada no combate à Covid-19”, disse Anton, antes do incidente.

“Nosso objetivo é o de aumentar o uso da tecnologia em geral conforme caminhamos e aliviamos a nossa chegada ao ‘novo normal’. A desinfecção é apenas uma das muitas aplicações robóticas, e estamos trabalhando para trazer outros produtos do tipo que se provarão bastante úteis também”.

Reprodução

Exemplo de robô ultravioleta usado no combate ao novo coronavírus: a foto mostra um modelo usado pelo MIT. Foto: Divulgação/MIT-CSAIL

Ultravioleta x Coronavírus

O uso da luz ultravioleta na eliminação de patógenos não é necessariamente novo, mas sua popularidade vem crescendo por este método supostamente oferecer mais uma via de combate à Covid-19. A fabricante japonesa, Ushio, por exemplo, criou uma nova lâmpada UV que atua em uma frequência menor que a habitual, eliminando o novo coronavírus sem causar dano aos olhos ou à pele humana.

É importante ressaltar, porém, que embora esse método esteja ficando mais e mais em evidência, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não o reconhece como uma forma válida de combate ao vírus e, segundo ela própria, “não deve ser usado ou conduzido por pessoas”.

“A radiação ultravioleta pode causar irritação na pele e danos aos seus olhos. Limpar as mãos com loções e cremes à base de álcool ou lavá-las com sabão e água ainda são as formas mais eficazes de remover o vírus”, declarou o órgão no passado.

Fonte: CNN / Tech Times

Colaboração para o Olhar Digital

Rafael Arbulu é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital