Covid-19: pesquisadores criam testes PCR a partir de impressoras 3D

Ideia veio da necessidade de suprir demanda de materiais para o exame tipo swab; componente já está sendo testado em hospitais no mundo todo
Leticia Riente23/11/2020 17h07, atualizada em 23/11/2020 17h48

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Com tantos testes para identificação de Covid-19 sendo realizados por todo o mundo, já era esperado que materiais para estes exames começassem a apresentar escassez. É o caso das hastes flexíveis utilizadas para os testes de swab nasais (RT-PCR). Pensando nisso, pesquisadores do Departamento de Radiologia da University of South Florida (USF, na sigla em inglês) criaram um método de produzir as hastes a partir de impressoras 3D.

A invenção já passou por um primeiro teste clínico. Segundo o USF, uma gama das hastes também já foi impressa e está sendo utilizada ao redor do mundo. “Até o momento, a USF Health imprimiu mais de cem mil hastes flexíveis NP 3D, e hospitais em todo o mundo usaram nossos arquivos 3D para imprimir dezenas de milhões de hastes para uso em pontos de atendimento”, explicou Summer Decker, diretora de Aplicações Clínicas 3D do Departamento de Radiologia do USF Health Morsani College of Medicine e do Tampa General Hospital.

Reprodução

Pesquisadores da Flórida utilizaram impressoras 3D para produzir hastes flexíveis usadas em exame de Covid. Créditos: Noiel/Shutterstock

Cabe destacar que o exame conhecido como swab utiliza duas hastes flexíveis longas, formadas por duas hastes de plásticos e uma ponta coberta com um material de poliéster flocado. Este componente coleta amostras de secreções nasais da parte posterior do nariz e da garganta, garantindo a análise laboratorial. “A Covid-19 aparece primeiro nas regiões nasofaríngeas e de lá é inalada para o sistema respiratório”, ressaltou Summer.

Impressão de cotonetes 3D

A versão final do equipamento foi desenvolvida com impressoras FormLabs e resina de grau cirúrgico. Após esta etapa, o protótipo foi enviado para especialistas em doenças infecciosas da USF e da Northwell para testes de validação.

Todo o processo de impressão das hastes flexíveis pode levar até 15 horas dependendo da impressora. Após a produção, elas são enxaguadas em álcool isopropílico, curadas e inspecionadas manualmente quanto a defeitos. Por fim, um membro da equipe de doenças infecciosas do hospital no qual é impressa examina cada haste antes de ser esterilizada em uma autoclave e embalada em um kit de teste.

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Depois da impressão, as hastes flexíveis impressas em 3D passam por processos de desinfecção e inspeção. Créditos: Horth Rasur/Shutterstock

Testes de comparação

Para provar a eficácia das hastes flexíveis impressas, a equipe realizou testes de comparação de desempenho entre os swabs NP 3D e os swabs flocados em alguns hospitais da Flórida, Nova York e Filadélfia. Em três locais de ensaios, 291 pacientes, com idades entre 14 e 94 anos, foram testados. As análises com as hastes flexíveis impressas em 3D apontaram resultados estatisticamente idênticos aos identificados com as hastes flocadas.

“Os resultados foram extremamente positivos”, falou Summer. “O ensaio clínico mostrou que os swabs nasais impressos em 3D tiveram um desempenho tão bom – ou, em alguns casos, melhor do que – os swabs flocados”, acrescentou.

A haste flexível impressa em 3D já recebeu reconhecimento nacional e internacional como um exemplo do poder da impressão 3D médica e da inovação rápida para fornecer soluções clínicas. Por isso, a USF entrou com um pedido de patente provisória para o produto e disponibilizou os arquivos do projeto e os dados clínicos sem custo para os hospitais, clínicas e empresas de dispositivos médicos licenciadas em todo o mundo.

“Este projeto mostra novas maneiras como os departamentos de radiologia em todo o mundo podem impactar diretamente hospitais e cuidados clínicos durante uma crise como a de Covid-19”, finalizou Summer.

Fonte: Medical Xpress

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital