Médicos e pesquisadores americanos uniram esforços para clonar anticorpos de pacientes recuperados da Covid-19 com o intuito de desenvolver um tratamento preventivo contra a doença.

A iniciativa propõe uma terapia similar ao método de transfusão de plasma estudado por diferentes centros de pesquisas e já aprovado para testes clínicos pela Food and Drug Administration (FDA), órgão norte-americano equivalente à Anvisa no Brasil.

A proposta, no entanto, sugere o uso dos anticorpos para a produção em massa de “coquetéis farmacêuticos”, como definem os próprios pesquisadores da rede hospitalar Mount Sinai Health e da farmacêutica Sorrento Therapeutics.

Os cientistas acreditam que os medicamentos poderiam ajudar a reforçar o sistema imunológico de pessoas que ainda não tenham contraído o vírus. Eles esperam também contemplar pacientes infectados ainda no estágio inicial da doença.

Como funciona o tratamento?

Em entrevista ao site Futurism, o CEO da Sorrento Therapeutics, Henry Ji, afirmou que a expectativa é de o coquetel reforçar a proteção imunológica do paciente por cerca de dois meses. Ele diz que, no curto prazo, o tratamento pode ser mais eficiente do que uma vacina.

“Uma vacina exige tempo para gerar imunidade e nem todo mundo vai responder à vacina, em especial pessoas idosas e com problema de imunidade. Um coquetel de anticorpos dispensaria a necessidade dessa resposta e promoveria imunidade instantânea após a injeção”, afirmou Ji, em entrevista ao site Futurism.

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A parceria com a rede hospitalar Mount Sinai deve viabilizar o acesso da Sorrento a amostras de sangue de cerca de 15 mil pacientes. Todos os materiais são avaliados conforme uma metodologia de diagnóstico desenvolvida por pesquisadores do próprio Mount Sinai para medir o volume de anticorpos no sangue de pacientes já recuperados.

As análises buscam identificar quais anticorpos garantem a melhor proteção contra o coronavírus. Uma vez concluída essa etapa, os cientistas vão empreender clonagens em massa dos agentes escolhidos.

Segundo Henry Ji, quando se trata de coronavírus é preciso considerar também possíveis mutações do antígeno, as quais podem comprometer a eficácia do tratamento ao longo prazo. Como precaução, os cientistas visam desenvolver os coquetéis farmacêuticos com base em pelo menos três anticorpos diferentes. 

Início dos testes

Os pesquisadores planejam iniciar testes clínicos em pacientes infectados e não infectados nos próximos meses. Eles esperam submeter o tratamento para aprovação da FDA em setembro, enquanto a disponibilidade dos coquetéis nas redes hospitalares é prevista para o fim do ano.

Vale lembrar que todas as informações acerca de tratamentos contra o coronavírus exigem cautela. Afinal, embora muitas terapias sejam testadas em diversos países, nenhum tratamento reuniu evidências suficientes que comprovem sua eficácia no combate à Covid-19. 

Fonte: Futurism