USP inicia teste de moléculas contra o novo coronavírus

Tentativa visa inibir a ação da enzima responsável pelo processo de multiplicação do vírus no organismo
Luiz Nogueira27/04/2020 16h24, atualizada em 27/04/2020 17h05

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A partir deste mês, o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo vai iniciar um teste com cerca de 500 moléculas desenvolvidas pelo Instituto de Química de São Paulo (IQSP). O objetivo do estudo é entender se essas moléculas podem interromper o ciclo biológico do novo coronavírus.

A criação consegue inibir uma das enzimas do vírus: a Mpro. Se esse processo se provar eficaz, é possível fazer com que a doença seja impedida de completar o processo de formação de RNA, etapa que garante a multiplicação do vírus no organismo.

Há anos, o Grupo de Química Medicinal e Biológica (Nequimed) estuda essas moléculas. No entanto, com uma abordagem diferente. O objetivo principal era de combater a doença de Chagas. Para este caso, as substâncias utilizadas se mostraram bastante eficazes ao inibir a bioatividade da cruzaína – enzima que mantém o Trypanosoma cruzi, parasita causador da enfermidade, ativo no corpo do infectado.

Esse tratamento foi especulado contra o novo coronavírus porque, segundo pesquisadores, a cruzaína possui semelhanças estruturais com a Mpro.

A proposta do teste acaba de receber financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Após divulgação do edital, chamado “Suplementos de Rápida Implementação conta Covid-19”, o período de estudo da ação das moléculas poderá ser iniciado.

Além da dedicação dos cientistas em aprimorar o processo de anulação das enzimas do novo coronavírus, a equipe vai estudar a eficácia de alguns medicamentos possivelmente efetivos para tentar identificar quais deles têm maior potencial contra a doença.

Testes de fármacosReprodução

Desde 30 de março, uma verdadeira força-tarefa, que conta com coordenação do ICB, iniciou uma rodada de testes de fármacos e substâncias contra o vírus. Por enquanto, as análises são feitas baseadas em testes in vitro.

Durante essa fase, células infectadas pela doença são colocadas em placas de ensaio e recebem diferentes concentrações de compostos. O objetivo é identificar qual possui maior eficácia contra a ação do novo coronavírus.

Com a utilização de uma checagem de resultados automatizada, a estimativa é que, em cinco semanas, sejam analisados mais de 2.500 compostos.

A iniciativa conta com a participação de especialistas de muitas áreas. Além de pesquisadores do IQSP e do ICB, estão envolvidos cientistas do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade Federal de São Paulo e da Universidade Estadual de Campinas.

Via: Jornal da USP

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital