A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) deu início aos ensaios clínicos com a vacina BCG, usada na prevenção da tuberculose, para verificar se há eficácia contra a Covid-19. Os testes começaram na segunda-feira (5). A substância será aplicada em mil profissionais de saúde, e não substitui uma imunização específica contra o Sars-Cov-2.
A iniciativa utiliza recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e é liderada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. O ministro da pasta, Marcos Pontes, adiantou em agosto que considerava a BCG promissora para desacelerar a pandemia.
Esta interpretação se baseia na hipótese de que os países que mantêm o uso da vacina apresentam menor incidência de Covid-19 em comparação aos demais. No Brasil, por exemplo, a taxa de internação por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARG) é maior na faixa acima dos 60 anos, mesma população que não foi vacinada com a BCG quando criança.
É claro, porém, que os idosos constituem um dos grupos de risco para a doença. Por isso, a relação entre internações e a vacina pode não ter um significado real.
“Ao avaliarmos o efeito da BCG entre profissionais de saúde, esperamos verificar seu potencial para evitar o adoecimento e as formas graves da doença entre eles, que representam o braço operacional da linha de cuidado aos pacientes com Covid-19”, afirma Fernanda Mello, coordenadora da pesquisa e professora da UFRJ.
“A manutenção desta força de trabalho é fundamental para que seja garantido o melhor cuidado aos portadores do novo coronavírus”, completa ela.
Vacina BCG pode ser promissora para prevenir manifestações severas da Covid-19. Imagem: Bernard Chantal/Shutterstock
Vacina BCG
A BCG é aplicada durante as primeiras semanas de vida para prevenir as formas graves da tuberculose. É a famosa “vacina da marquinha”, conhecida por deixar uma cicatriz no braço direito, local da aplicação.
Países europeus já testam a substância contra a Covid-19 desde abril, quando um estudo do Instituto de Tecnologia de Nova York (NYIT) sugeriu que o imunizante poderia proteger contra outras doenças que afetam o sistema respiratório, além da tuberculose. No Brasil, uma pesquisa semelhante foi conduzida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Dessa forma, enquanto um imunizante específico contra o Sars-Cov-2 não é aprovado, o plano é descobrir se, a curto prazo, a BCG pode agir como uma alternativa para atenuar o número de casos e mortes na pandemia, mesmo que a proteção não seja definitiva.
Via: Agência Brasil