UFRJ inicia testes com vacina BCG contra o novo coronavírus

Ensaios clínicos vão examinar a eficácia da substância em mil profissionais de saúde; mesmo se os resultados forem positivos, BCG não vai substituir uma imunização específica contra a Covid-19
Davi Medeiros07/10/2020 15h38

20201007123732

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) deu início aos ensaios clínicos com a vacina BCG, usada na prevenção da tuberculose, para verificar se há eficácia contra a Covid-19. Os testes começaram na segunda-feira (5). A substância será aplicada em mil profissionais de saúde, e não substitui uma imunização específica contra o Sars-Cov-2.

A iniciativa utiliza recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e é liderada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. O ministro da pasta, Marcos Pontes, adiantou em agosto que considerava a BCG promissora para desacelerar a pandemia.

Esta interpretação se baseia na hipótese de que os países que mantêm o uso da vacina apresentam menor incidência de Covid-19 em comparação aos demais. No Brasil, por exemplo, a taxa de internação por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARG) é maior na faixa acima dos 60 anos, mesma população que não foi vacinada com a BCG quando criança.

É claro, porém, que os idosos constituem um dos grupos de risco para a doença. Por isso, a relação entre internações e a vacina pode não ter um significado real.

“Ao avaliarmos o efeito da BCG entre profissionais de saúde, esperamos verificar seu potencial para evitar o adoecimento e as formas graves da doença entre eles, que representam o braço operacional da linha de cuidado aos pacientes com Covid-19”, afirma Fernanda Mello, coordenadora da pesquisa e professora da UFRJ.

“A manutenção desta força de trabalho é fundamental para que seja garantido o melhor cuidado aos portadores do novo coronavírus”, completa ela.

Reprodução

Vacina BCG pode ser promissora para prevenir manifestações severas da Covid-19. Imagem: Bernard Chantal/Shutterstock

Vacina BCG

A BCG é aplicada durante as primeiras semanas de vida para prevenir as formas graves da tuberculose. É a famosa “vacina da marquinha”, conhecida por deixar uma cicatriz no braço direito, local da aplicação.

Países europeus já testam a substância contra a Covid-19 desde abril, quando um estudo do Instituto de Tecnologia de Nova York (NYIT) sugeriu que o imunizante poderia proteger contra outras doenças que afetam o sistema respiratório, além da tuberculose. No Brasil, uma pesquisa semelhante foi conduzida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Dessa forma, enquanto um imunizante específico contra o Sars-Cov-2 não é aprovado, o plano é descobrir se, a curto prazo, a BCG pode agir como uma alternativa para atenuar o número de casos e mortes na pandemia, mesmo que a proteção não seja definitiva.

Via: Agência Brasil

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital