Até agora, os testes moleculares por RT-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real) são o melhor recurso para diagnosticar a Covid-19. A confirmação é obtida através da detecção do RNA do Sars-Cov-2 em amostras colhidas do nariz e garganta do paciente. Porém, apesar de ser mais preciso do que os testes rápidos – que procuram por anticorpos – o RT-PCR tem seus problemas, especialmente de escala.

“Nunca haverá a possibilidade de realizar testes PCR em 300 milhões de pessoas, ou testar todo mundo antes de irem para o trabalho ou para a escola”, afirmou a chefe da Força-Tarefa do novo coronavírus na Casa Branca, Deborah Birx, reforçando que é preciso tempo, energia e pessoal treinado para executar esses testes na quantidade necessária.

Por isso, muitos especialistas estão apostando nos testes de antígeno como uma alternativa mais rápida, e barata, no combate à pandemia da Covid-19. Eles procuram fragmentos de proteína da superfície do vírus (essas “pontas” que vemos em toda representação do Sars-Cov-2), um trabalho que pode ser feito em questão de minutos, sem equipamento ou treinamento extensivo.

“Acreditamos que o primeiro passo para retornar à vida normal é garantir que você não seja infeccioso, nem as pessoas ao seu redor “, afirma Steve Tang, CEO da OraSure, uma empresa que produz milhões de testes de antígeno ao HIV por ano e agora está trabalhando em um teste para a Covid-19. “Temos que sair desses gargalos de teste que estão nos afetando no momento. O teste de antígenos pode ser uma nova e poderosa ferramenta para esse objetivo”.

Reprodução

O problema é que testes de antígeno não são fáceis de produzir. É preciso antes entender a biologia e a estrutura do vírus, e descobrir quais proteínas virais procurar. Lee Gehrke, professor do MIT e da Harvard Medical School, é cofundador de uma empresa de biotecnologia chamada E25Bio, que está desenvolvendo um teste de antígeno para a Covid-19, que utiliza anticorpos artificiais especialmente projetados para detectar a presença a antígenos de coronavírus.

O teste funciona retirando com um cotonete nasal amostras de um paciente e introduzindo-a em uma solução que é exposta a tiras de papel embebidas com os anticorpos.  À medida que a solução sobe na tira, todos os antígenos presentes se ligam aos anticorpos, que reagem e fornecem uma leitura visual. O processo leva menos de 30 minutos e não requer equipamento ou treinamento especial.

Segundo Gehrke, esse teste foi desenvolvido a partir da mesma plataforma básica usada para testar a dengue e o zika com 90 a 95% de precisão. De acordo com o professor do MIT, cada teste custa US$ 10 – cinco vezes menos do que um teste de RT-PCR. A E25Bio também criou um aplicativo para coletar com segurança os resultados dos testes dos usuários e disponibilizar metadados como sexo, idade e local para epidemiologistas e especialistas em saúde pública.

Via: MIT Technology Review