Soro produzido por cavalos é 100 vezes mais potente no combate à Covid

Resultados de pesquisa feita na UFRJ será apresentado em simpósio sobre a Covid-19 na Academia Nacional de Medicina (ANM); pedido de patente do processo de produção foi feito
Rafael Rigues13/08/2020 13h00, atualizada em 13/08/2020 13h08

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Um trabalho realizado por pesquisadores do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) verificou que soros produzidos por cavalos para o tratamento da Covid-19 têm, em alguns casos, até 100 vezes mais potência, em termos de anticorpos neutralizantes do vírus gerador da doença, do que o feito com plasma de doentes convalescentes.

Os resultados serão apresentados nesta quinta-feira (13) à noite, durante simpósio sobre Covid-19 na Academia Nacional de Medicina (ANM). Um pedido de patente do processo de produção foi feito.

O projeto visava a obter gamaglobulina purificada, material biológico mais elaborado do que soros antiofídicos e antitetânicos. Esse soro é chamado gamaglobulina hiperimune porque os pesquisadores inocularam o antígeno, durante três semanas, nos plasmas de cinco cavalos do Instituto Vital Brazil (IVB), laboratório oficial do governo fluminense.

Os animais foram inoculados com a proteína S recombinante do novo coronavírus, produzida no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) e, apresentaram os anticorpos 70 dias após a primeira aplicação.

“Os animais nos deram uma resposta impressionante de produção de anticorpos. Inoculamos em cinco e agora estamos expandindo para mais cavalos”. Quatro dos cinco equinos responderam muito rapidamente.

“O quinto animal, assim como acontece nos humanos, teve uma resposta mais demorada, mas também respondeu produzindo anticorpos”, diz o coordenador do projeto, Jerson Lima Silva, do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Silva explica que outra vantagem do estudo é que ele é complementar às possibilidades de vacinas contra o vírus, cuja maioria se baseia na proteína da coroa viral. A ideia é que o soro produzido a partir do plasma equino seja usado como tratamento, por meio de uma imunoterapia, ou imunização passiva. A vacina seria complementar.

Após a aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), o grupo de pesquisadores vai iniciar os testes clínicos, com foco nos pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 que estejam internados, mas não se encontram em unidades de terapia intensiva.

Os testes vão comparar quem recebeu o tratamento com quem não recebeu. “A gente está bem otimista. Mas essa é uma etapa que tem de ser feita”, disse Silva. Há intenção de firmar parcerias com outros laboratórios que produzem soro no Brasil, localizados em São Paulo e Minas Gerais. “Será preciso muito material”, afirma.

Fonte: Agência Brasil

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital