Pandemia deve acabar em 2021 ‘para os ricos’, afirma Bill Gates

Perguntado se pediria por algum medicamento em especial ao seu médico caso estivesse internado com Covid-19, o empresário citou o antiviral remdesivir e o corticoide dexametasona
Renato Mota10/08/2020 19h26

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Para o bilionário filantropo Bill Gates, a pandemia da Covid-19 deve acabar, “para os ricos”, até o fim do ano que vem, enquanto o resto do mundo deverá esperar até os últimos meses de 2022 até se verem livres do novo coronavírus. A declaração foi feita em entrevista à Wired, no qual o empresário e fundador da Microsoft ainda afirmou que todos os testes para a doença feitos nos Estados Unidos são “completamente lixo, um desperdício”.

Atualmente focado na Bill & Melinda Gates Foundation – organização sem fins lucrativos que promove a vacinação – Gates criticou o sistema de reembolso do governo norte-americano, que subsidia os testes para a população. Atualmente, estados que viram um recente crescimento nos casos, como Flórida e Califórnia, têm lutado para obter os resultados dos exames das pessoas potencialmente infectadas em tempo hábil.

“São principalmente as pessoas ricas que estão tendo acesso a isso [os resultados dos exames]. Você precisa que o sistema de reembolso pague um pouco mais para ter os resultados em 24 horas, pague a taxa normal por 48 horas e não pague nada enquanto não estiver pronto. E quando sugerimos a eles [o governo federal] para mudar, eles dizem: ‘pelo que podemos dizer, estamos fazendo um ótimo trabalho, é incrível!'”.

Ainda assim, o empresário se mostrou otimista com a velocidade com que novas vacinas e tratamentos estão sendo pesquisados. “O pipeline de inovação na ampliação de diagnósticos, em novas terapias e vacinas é realmente muito impressionante. Isso se deve apenas à escala da inovação que está acontecendo”, avalia Gates.

A própria Bill & Melinda Gates Foundation está apoiando várias dessas iniciativas. Entre as vacinas que estão mais avançadas, o empresário destaca as baseadas em RNA (Moderna, Pfizer/BioNTech e CureVac) como as mais promissoras, porém mais difíceis de serem produzidas em larga escala. “Se forem úteis, ajudarão nos países ricos”, avalia.

Por outro lado, Gates acredita que a produção em quantidades massivas e a baixo custo pode vir dos estudos da AstraZeneca ou Johnson & Johnson. “Esta doença, tanto dos dados com animais como dos dados da fase 1, parece ser muito evitável com vacinas. Ainda há perguntas. Vai demorar um pouco para descobrir a duração [da proteção] e a eficácia em idosos, embora pensemos que vai ser muito bom”, acredita o empresário.

Quando perguntado sobre qual tratamento pediria ao seu médico, caso estivesse internado com Covid-19, Gates citou o antiviral remdesivir. “Infelizmente, os testes nos EUA têm sido tão caóticos que o efeito real comprovado é um pouco pequeno. Potencialmente, o efeito é muito maior do que isso”. O empresário ainda comentou os testes feitos com outra substância, a dexametasona, em casos mais graves.

O remdesivir, um antiviral desenvolvido pela farmacêutica Gilead Sciences originalmente para combater o vírus do Ebola, teve seu uso e venda liberados em junho pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para o tratamento da Covid-19. A indicação do órgão é que a substância – primeira a ser recomendada pela União Europeia – seja utilizada em adultos e adolescentes, a partir dos 12 anos de idade, com pneumonia e que necessitem de suplementação de oxigênio.

Já a dexametasona é um corticoide que pode ser usado para problemas na pele, alergias, complicações respiratórias e até mesmo no tratamento do câncer. No tratamento da Covid-19, sua aplicação mira encarar um efeito específico da infecção, conhecido como “tempestade de citocinas“.

Via: Wired

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital