Novos casos de Covid-19 na China sugerem que o vírus está mudando

Pacientes na região norte do país levam mais tempo para desenvolver sintomas, carregam o vírus no organismo por mais tempo e sofrem danos diferentes dos vistos durante a primeira onda de casos
Rafael Rigues20/05/2020 12h08

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Novos casos de Covid-19 em províncias no norte da China, como Jilin e Heilongjiang, está preocupando os médicos. Os pacientes estão demorando mais do que duas semanas para desenvolver sintomas, carregam o vírus no organismo por mais tempo e sofrem danos diferentes dos causados pela primeira onda de casos, em Wuhan. Isso pode indicar que o vírus Sars-Cov-2 está sofrendo mutação.

Em declaração a uma rede de TV estatal um dos principais médicos chineses, Qiu Haibo, disse que “o maior período assintomático dos pacientes está criando focos de infecção familiares”, afirma. Os novos pacientes também parecem sofrer principalmente complicações respiratórias, em contraste aos problemas renais, cardíacos e intestinais vistos nos casos anteriores.

A mudança no comportamento do vírus pode prejudicar medidas de combate. Os médicos ainda não entendem se ele está mudando de forma significativa ou se as diferenças encontradas se devem ao fato de que agora são capazes de observar os pacientes com mais atenção e desde um período mais inicial da doença do que nos casos de Wuhan.

Reprodução

Wuhan, China/Foto: iStock

Casos de Covid-19 na China

Nas últimas duas semanas, 46 casos de Covid-19 foram relatados em três cidades, Shulan, Jilin City e Shengyang, em duas províncias. Com isso, o governo recolocou em prática medidas de “lockdown” que afetam uma região que no total abriga 100 milhões de habitantes.

Autoridades locais acreditam que o novo foco da doença vem de contato com viajantes oriundos da Rússia, já que a análise genética dos vírus mostra similaridade com a cepa encontrada em doentes neste país. Até o momento, 26 dos pacientes do novo foco precisaram ser hospitalizados, e 10% do total estão em estado crítico.

“As pessoas não devem assumir que o pior já passou, ou baixar sua guarda”, disse Wu Anhua, médico especializado em doenças infecciosas, em uma entrevista à TV estatal chinesa nesta terça-feira (19). “É totalmente possível que a epidemia dure por um longo tempo”.

Fonte: Bloomberg

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital