Novo coronavírus sobrevive até nove horas na pele, diz estudo

De acordo com pesquisadores japoneses, o Sars-CoV-2 fica ativo na pele humana por mais do que quatro vezes o tempo da gripe; no entanto, álcool em gel o inutiliza por completo
Rafael Arbulu07/10/2020 18h12, atualizada em 07/10/2020 18h49

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O novo coronavírus (Sars-CoV-2) permanece ativo na pele por bem mais tempo do que se pensava, segundo pesquisadores da Universidade Distrital de Medicina de Kyoto, no Japão. A equipe analisou amostras de pele expostas ao vírus causador da Covid-19 e constatou que, ao contrário de estimativas posicionadas no começo da atual pandemia, ele pode permanecer ativo na pele por até nove horas.

No começo do ano, análises especulativas feitas por cientistas norte-americanos afirmavam que o novo coronavírus tinha uma “vida útil” de até quatro horas em superfícies de cobre, 24 horas em papelão e similares, e 72 horas em aço inoxidável. Entretanto, não era possível determinar a sua duração na pele humana por razões éticas: não é a melhor ideia expor um vírus de capacidades letais ao corpo, convenhamos.

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Novo coronavírus tem sobrevivência prolongada quando está em contato com a pele, aumentando risco de infecção por contato. Imagem: PIRO4D/Pixabay

O que os cientistas japoneses fizeram, então, foi criar um modelo artificial de pele usando amostras de cadáveres com até 24 horas de óbito, vindas de autópsias. Segundo eles, a pele de uma pessoa morta dentro deste período ainda é utilizável, por exemplo, em enxertos e outros procedimentos médicos, então muitas de suas funções “vivas” são retidas dentro de um dia, perdendo-se gradativamente.

Ao expor o modelo criado ao Sars-CoV-2, os pesquisadores concluíram que ele sobreviveu normalmente na superfície por 9,02 horas. Para se ter uma base comparativa, o vírus IAV (Influenzavírus A, um tipo mais forte de gripe) sobrevive na pele por cerca de duas horas. Mais além, quando o novo coronavírus se misturava a secreções mucosas – como tossir na palma das mãos, por exemplo -, esse número aumentou para mais de 11 horas.

“Este estudo mostra que o Sars-CoV-2 pode trazer um risco bem mais alto de transmissão por contato direto do que o IAV por ser muito mais estável sobre a pele humana”, disseram os autores no jornal de Doenças Infecciosas Clínicas, em 3 de outubro. “Estas conclusões apoiam a hipótese de que a higiene sanitária das mãos é muito importante na prevenção e disseminação do Sars-CoV-2”.

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Ainda que a sobrevivência do vírus na pele seja prolongada, cientistas seguem afirmando que o uso do álcool em gel o inutiliza completamente em questão de segundos. Imagem: iStock/Reprodução

Importância do álcool em gel

Felizmente, a solução para tal já vem sendo praticada desde o início da pandemia. Tanto o Sars-CoV-2 como o Influenzavirus A foram totalmente neutralizados após o uso de álcool em gel com pelo menos 80% de etanol.

Após a aplicação do líquido sanitizante, o coronavírus “morreu” em cerca de 15 segundos. “A higiene apropriada das mãos leva à inativação viral rápida [do vírus] e pode reduzir o alto risco de infecções por contato direto”, concluíram os cientistas.

Os responsáveis pelo estudo ressaltaram que não o conduziram com base na “quantidade infecciosa” do novo coronavírus, ou seja, o volume necessário do Sars-CoV-2 para causar a Covid-19 em uma pessoa, então estas conclusões podem ser revisitadas no futuro.

Fonte: Live Science

Colaboração para o Olhar Digital

Rafael Arbulu é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital