Israel registra 1º possível caso de Parkinson relacionado à Covid-19

Paciente de 45 anos desenvolveu sintomas da doença após se curar da Covid-19; cientistas se preocupam com uma possível onda de doenças neurodegenerativas
Davi Medeiros23/09/2020 16h35, atualizada em 23/09/2020 17h37

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Médicos do Hospital Universitário Samson Assuta Ashdod, em Israel, relataram o caso de um paciente de 45 anos que passou a apresentar sintomas relacionados à doença de Parkinson após se curar da Covid-19.

O homem foi hospitalizado com o novo coronavírus no dia 17 de março, dias após retornar de uma viagem aos Estados Unidos. Semanas depois, quando os exames RT-PCR já apontavam resultado negativo para a doença, ele passou a relatar tremores e dificuldades para escrever e falar.

A manifestação desses sintomas levaram o paciente a ser internado no Departamento de Neurologia do hospital. Lá, exames confirmaram uma alteração em neurônios dopaminérgicos, que produzem dopamina.

O quadro se agravou desde então, e, de acordo com os profissionais de saúde responsáveis pelo caso, o homem agora tem expressão facial reduzida e tremores extremos no lado direito do corpo.

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Neurocientistas apontam possível relação entre o novo coronavírus e danos cerebrais. Imagem: Wikimedia Commons

O relato foi enviado para publicação na próxima edição da revista The Lancet, especializada em temas ligados à medicina. É importante frisar que não se trata de uma pesquisa científica, mas da observação de um único paciente.

Não é possível, ainda, afirmar se o desenvolvimento da doença de Parkinson tem ligação concreta com o diagnóstico prévio de Covid-19. No entanto, os cientistas sublinham que o paciente não possui histórico familiar do distúrbio ou “qualquer outro fator de risco evidente”, como observa a Galileu.

Parkinson: a “terceira onda” da pandemia?

Estudos anteriores já haviam demonstrado que o Sars-Cov-2 pode ocasionar danos cerebrais, sintomas neurológicos e perda de memória, mas não está claro de que forma o vírus age para causar esses efeitos.

De acordo com o neurocientista australiano Kevin Barnham, do Florey Institute of Neuroscience & Mental Health, a hipótese mais aceita é a de que o vírus pode danificar parte das células do cérebro, tendo potencial para levar à neurodegeneração em algum nível.

Barnham é coautor de um estudo que aponta que a pandemia de Covid-19 pode ter uma “terceira onda” não mais relacionada a reinfecções pelo novo coronavírus, mas a um aumento de casos da doença de Parkinson associados ao Sars-Cov-2.

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Hospital Universitário Samson Assuta Ashdod, em Israel, onde foi registrado o primeiro caso de Parkinson associado à Covid-19. Imagem: Reprodução/LinkedIn

À Science Alert, o neurocientista afirmou que algo parecido ocorreu após a pandemia de gripe espanhola, no início do século passado, quando uma forma de inflamação no cérebro chamada encefalite letárgica passou a atingir as pessoas que haviam se curado da doença.

Atualmente, não há dados suficientes para constatar a relação entre condições neurológicas e a Covid-19. Por isso, Barnham sugere que as autoridades de saúde não ajam somente para prevenir a doença, mas realizem também um rastreamento de longo prazo dos casos recuperados, monitorando a manifestação de distúrbios neurodegenerativos.

Via: Galileu

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital