Hidroxicloroquina não diminuiu mortes nos Estados Unidos, diz estudo

Além disso, pesquisa francesa que recomendava o uso do medicamento no tratamento da Covid-19 foi retirado do ar pelos autores
Luiz Nogueira26/05/2020 14h27, atualizada em 26/05/2020 15h00

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Publicado na segunda-feira (25) na plataforma MedRxiv – que reúne trabalhos ainda não divulgados em revistas científicas -, um novo estudo norte-americano concluiu que o uso da hidroxicloroquina – em sua combinação mais comum, com azitromicina – não diminui os casos de mortalidade, se comparado com a taxa de mortes dos pacientes que não fizeram uso de nenhuma medicação.

A pesquisa, que coletou dados de 2,5 mil pessoas internadas com a Covid-19 em 13 hospitais de Nova Jersey, é liderada por Andrew Lp, do Centro Médico da Universidade de Hackensack, nos Estados Unidos.

Os pacientes analisados foram separados em quatro grupos: o primeiro recebeu apenas hidroxicloroquina, o segundo tomou a combinação do fármaco com a azitromicina, o terceiro recebeu apenas o antibiótico e o quarto não tomou nenhuma droga.

Resultados

O resultado indica que 25% dos pacientes medicados apenas com hidroxicloroquina morreram; dos que receberam apenas azitromicina, 20% faleceram; como resultado da associação das duas drogas, a mortalidade foi de 20%; por fim, a taxa de óbito entre os que não receberam nenhum medicamento ficou em 20%.

“Em comparação com o não uso de medicamentos, não há diferenças significativas na mortalidade associada para os pacientes que receberam hidroxicloroquina durante a hospitalização; hidroxicloroquina isolada ou combinada com azitromicina”, afirmam os responsáveis pelo estudo.

No entanto, mesmo com o resultado divulgado, os pesquisadores indicam que os dados devem ser tratados com cautela.

Reprodução

Estudo foi retirado do ar para que os responsáveis possam realizar uma revisão. Foto: Reprodução

Estudo retirado do ar

Após grande repercussão por ser pioneiro em indicar a hidroxicloroquina como um medicamento supostamente eficaz para o tratamento do novo coronavírus, o estudo francês liderado pelo médico Benjamin Davido foi retirado do ar.

Além de deixar a pesquisa indisponível para futuras consultas, os responsáveis pelo projeto solicitam que não haja nenhuma citação sobre seu conteúdo em nenhum outro trabalho clínico ou acadêmico.

Desde a disponibilização original do trabalho, a comunidade científica criticou a metodologia e o grupo reduzido de pacientes que participaram do estudo – apenas 30 indivíduos. Especialistas indicaram que o medicamento carecia de análises mais profundas para atestar sua eficácia contra a Covid-19 e o papel dos efeitos colaterais na saúde das pessoas internadas com a doença.

A decisão de retirar a pesquisa do ar aconteceu após um robusto trabalho publicado na última sexta-feira (22), em que cerca de 14 mil pessoas, de um total de 96 mil, receberam tratamentos que tinham como base a cloroquina e hidroxicloroquina, além de combinações dos medicamentos com o antibiótico azitromicina – também indicado no estudo francês.

Os resultados publicados na revista médica The Lancet não só indicam que não há relação entre o tratamento de pacientes e o uso do remédio, mas também sugere que pode haver um agravamento no quadro da pessoa doente, justamente por conta dos efeitos colaterais conhecidos, como a arritmia cardíaca.

“Os autores retiraram do ar o manuscrito e gostariam que ele não fosse citado. Por conta da controvérsia sobre a hidroxicloroquina e da natureza de seu estudo, eles gostariam de avaliar o manuscrito após revisão metodológica”, indica um texto publicado no site em que o estudo foi disponibilizado originalmente.

Via: G1

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital