No domingo (22), o ensaio clínico envolvendo o uso de hidroxicloroquina foi liberado para ser iniciado. À frente dos testes estão um grupo de hospitais liderados pelo Albert Einstein. O medicamento é o que vem sendo apontado como tendo o maior potencial para tratamento da Covid-19.
Além do Hospital Albert Einstein, o Sírio Libanês e o HCor ajudarão nos testes do medicamento. O grupo espera poder apresentar dados conclusivos sobre a eficácia da hidroxicloroquina em dois meses. Há três semanas, o ensaio começou a ser projetado, até que recebeu a autorização da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa para acontecer.
No entanto, os testes não serão focados apenas no medicamento citado. De acordo com o Dr. Luiz Vicente Rizzo, diretor-superintendente de pesquisa do Einstein, em entrevista ao Brazil Journal, a “hidroxicloroquina não é a única alternativa que existe que tem mostrado dados promissores”.
O médico ainda aponta que a ideia é realizar os testes em vários pacientes, com diferentes níveis de evolução da doença. “Vamos testar no paciente grave na UTI, no paciente que está entrando e no intermediário. E cada um desses braços será coordenado por um hospital”. E completa: “É útil, que é o que a ciência tem que ser. Montamos um estudo que é em colaboração e que pretende responder o maior número de perguntas no menor espaço de tempo”.
O estudo, de acordo com o médico, é inovador no Brasil, além de ser pouco utilizado no restante do mundo. “É um estudo adaptativo. Os estudos de modo geral são estudos fechados, onde você entrou num braço e você vai ter que ficar naquele braço. Esse estudo nos dá a flexibilidade, pela sua força estatística, de mudar pacientes de grupos se tivermos respostas melhores. É óbvio que amanhã pode surgir uma droga nova em outro lugar, mas temos a flexibilidade de incluir novas drogas promissoras no estudo. Por isso disse que esse é um estudo inovador no Brasil. É a primeira vez que o Brasil aprova um estudo nesse modelo adaptativo”.
Vacinas
Enquanto o ensaio clínico recém-aprovado prevê resultados em dois meses, a criação de uma vacina eficaz contra a Covid-19 pode demorar, pelo menos, um ano. Isso porque são necessários diversos testes de eficácia, e que são divididos em fases de aplicação.
Rizzo justificou o tempo necessário dizendo que “demora porque você precisa vacinar o caro, ver se ele ficou bom por um tempo ou se ficou bom pra sempre. O segundo ponto é que a gente se quer sabe se se a imunidade serva para alguma coisa nesse vírus. Ele não deixa o sistema imune funcionar”.
Recentemente, o Olhar Digital produziu uma série de reportagens sobre a startup Distributed Bio, que promete uma vacina universal para diversos tipos de vírus, inclusive par ao novo coronavírus. No entanto, de acordo com os próprios criadores do projeto, os cientistas Jake Glanville e Sarah Ives, a vacina só deve ficar pronta em 2025.
Uso do medicamento no mundo
A ideia do uso de hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 não é exclusiva dos hospitais brasileiros. O Hospital Universitário de Marselha, na França, já trata doentes da doença com cloroquina.
Nesse caso, assim como no brasileiro, o tratamento é apenas experimental e não se restringe apenas a um único medicamento. No total, são quatro tratamentos experimentais sendo aplicados em 3.200 voluntários, espalhados por sete países europeus.
De acordo com um experimento preliminar, feito pelo professor Didier Raoult, especialista em doenças infecciosas e diretor do Instituto Mediterrânio de Infecção de Marselha, há resultados positivos no uso da cloroquina no tratamento da Covid-19 – até então ele era um eficaz remédio genérico contra a malária.
No entanto, especialistas pedem cautela no uso do medicamento. Isso porque, assim como qualquer outro remédio, o uso em grandes quantidades pode trazer diversos efeitos colaterais. Eles ainda alertam que se deve esperar resultados mais aprofundados antes de realizar experimentos em larga escala.
Via: Brazil Journal/ Rfi