Governo estuda protocolo de uso de máscaras para quem não tem sintomas de Covid-19

Atualmente, Ministério da Saúde recomenda máscaras apenas para quem tem sintomas e para profissionais de saúde
Renato Santino01/04/2020 18h11, atualizada em 01/04/2020 18h20

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Desde o início da pandemia do coronavírus, autoridades de saúde têm recomendado que máscaras sejam usadas apenas por quem apresenta sintomas da Covid-19 para não transmitir a doença para os outros, ou para profissionais da saúde. No entanto, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, diz que essa recomendação pode mudar em breve.

Em coletiva na terça-feira (31), Mandetta diz que o ministério está desenvolvendo um novo protocolo para utilização de máscaras para proteção do público comum, que não apresenta nenhum tipo de sintoma e que não trabalhe no setor de saúde.

O protocolo prevê orientações para produção e uso de máscaras de TNT (sigla para “tecido não tecido”), que são diferentes das máscaras de uso médico que nos acostumamos a ver nos últimos tempos.

Segundo Mandetta, há uma conversa em andamento com a indústria têxtil para viabilizar a produção em massa do item com esse tecido especial que pode oferecer uma proteção adicional para quem precisa se expor por conta de sua profissão.

“A gente vai fazer esse protocolo, vai divulgar, para a gente usar no ônibus, no ir e vir, pessoal que está na parte de menor contato, que fica mais na questão do isolamento social, mais no distanciamento, mas que precisa de reforço de barreira por conta da profissão, por conta da atividade”, disse o ministro.

Existem alguns motivos pelos quais as autoridades não recomendam o uso de máscara pelo público comum. Primeiramente, as pessoas não são treinadas para utilizar o item, o que pode facilitar a contaminação ao forçar o usuário a mexer no seu rosto. Além disso, existe o risco de o movimento de compra causar escassez no mercado (o que já está acontecendo). Para piorar, as máscaras podem causar uma falsa sensação de segurança, que pode levar as pessoas a relaxarem em relação às orientações de distanciamento social.

Nos Estados Unidos, essa discussão já está adiantada. Segundo o Washington Post, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) está discutindo formas de orientar os cidadãos sobre formas de usar máscaras não-médicas de forma segura como forma de auxiliar no combate à transmissão do vírus e “achatar a curva” de contágio. Atualmente, mesmo com orientações das autoridades, pessoas estão encontrando suas próprias formas de cobrir seus rostos com máscaras muitas vezes feitas em casa.

Não há um consenso global médica sobre a eficácia das máscaras. A OMS pode não recomendar o uso para quem está saudável, mas evidências anedóticas mostram que os países orientais onde o hábito de utilizar máscaras é mais comum estão com pandemia sob controle, mesmo com uma proximidade maior com a China. Além disso, como relata o Estadão, há países que ativamente recomendam as máscaras para pessoas sem sintomas, como é o caso de Hong Kong, que determina o uso do item no transporte público; em Praga, na República Tcheca, o governo exige que a população use máscaras para ir às ruas, saudáveis ou não.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital