EUA revogam uso emergencial da cloroquina contra a Covid-19

Em nota, a FDA disse que é improvável a eficácia dos medicamentos hidroxicloroquina e cloroquina no tratamento do coronavírus, além de representarem riscos aos pacientes
Renato Mota15/06/2020 16h47

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A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador do governo dos Estados Unidos, revogou sua autorização de emergência para o uso dos medicamentos hidroxicloroquina (HCQ) e cloroquina (CQ) para o tratamento da Covid-19.

Citando relatos de complicações cardíacas, a agência informou em um comunicado oficial que “não é mais razoável acreditar que as formulações orais de HCQ e CQ possam ser eficazes no tratamento da Covid-19, nem é razoável acreditar que os benefícios conhecidos e potenciais desses produtos superam seus riscos conhecidos e potenciais”.

Com a medida, as remessas do medicamento obtidas pelo governo federal norte-americano não serão mais distribuídas às autoridades de saúde estaduais e locais. Médicos ainda poderão receitá-los e os medicamentos estarão disponíveis para usos alternativos. Na semana passada, um painel de especialistas do Instituto Nacional da Saúde revisou suas diretrizes para recomendar especificamente contra o uso da droga, exceto em estudos formais.

A hidroxicloroquina e a cloroquina são prescritas há décadas para tratamento de lúpus e artrite reumatoide, mas possuem como efeitos colaterais problemas no ritmo cardíaco, pressão arterial severamente baixa e danos nos músculos ou nervos.

No documento que revoga a autorização, a FDA cita que “com base na revisão de novas informações e na reavaliação das informações disponíveis”, acredita que é improvável que a hidroxicloroquina e a cloroquina “produzam um efeito antiviral”. A agência afirma que um estudo controlado e randomizado avaliando a probabilidade de conversão negativa do tratamento “não mostrou diferença entre a HCQ e o padrão de tratamento isolado”.

Nos Estados Unidos, a cloroquina e a hidroxicloroquina foram apontadas como soluções pelo presidente Donald Trump após alguns testes com poucos pacientes e sem grupos de controle desde as primeiras semanas do surto. O presidente chegou a surpreender os profissionais médicos quando revelou que tomou o medicamento preventivamente contra infecções. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro também é um entusiasta do tratamento.

No início de junho, pesquisadores no Reino Unido anunciaram que optaram por interromper experimentos com a polêmica hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19. Os cientistas apontaram que não perceberam qualquer benefício no uso da droga ao longo de quase três meses de testes.

A revista científica The Lancet publicou uma pesquisa com 96 mil pacientes apontando aumento no risco de morte pelo uso do medicamento em pacientes, o que fez com que a OMS suspendesse seus estudos com a hidroxicloroquina, assim como aconteceu com outros experimentos pelo mundo. Posteriormente, no entanto, os pesquisadores se retrataram, alegando não serem capazes de garantir a veracidade dos dados utilizados em sua análise, adquiridos de uma outra empresa.

Apesar de a pesquisa na The Lancet ter sido invalidada por essas questões, isso não muda os outros estudos publicados sobre o assunto apontando a ineficácia do medicamento.

Via: AP

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital