A Rússia foi o primeiro país a fazer o registro oficial de uma vacina contra o coronavírus. Apesar de toda a controvérsia envolvida, os primeiros testes, publicados na revista The Lancet nesta sexta-feira (4), tiveram resultados bastante positivos. Os voluntários vacinados com a Sputnik-V desenvolveram anticorpos “sem eventos adversos graves”.
Dois grupos, com 38 voluntários saudáveis entre 18 e 60 anos, receberam a imunização em duas doses. Cada participante recebeu a primeira parte da vacina e, 21 dias depois, o reforço. Eles foram monitorados por 42 dias e todos desenvolveram anticorpos nas primeiras três semanas.
De acordo com os resultados, o relatório afirma que a vacina é “segura, bem tolerada e não causa efeitos colaterais graves em voluntários adultos saudáveis”. No entanto, alguns pontos, além do baixo número de participantes, foram alvos de crítica de especialistas.
Os ensaios foram abertos e não randomizados, ou seja, não havia um grupo de controle e os participantes sabiam que estavam recebendo a vacina. Além disso, eles não foram separados aleatoriamente, divididos em grupos.
Sputnik-V foi a primeira vacina registrada oficialmente no mundo. Foto: Shutterstock
Apesar disso, os pesquisadores destacaram que testes maiores e mais longos precisam ser feitos. Isso inclui grupos que recebam placebo e podem confirmar a segurança e eficácia a longo prazo. Ainda segundo o relatório, os 76 participantes serão monitorados por 80 dias. O documento indica que um ensaio clínico de fase 3 mais rigoroso deve ser realizado com 40 mil voluntários de “diferentes idades e grupos de risco”.
“Mostrar segurança será crucial com as vacinas, não apenas para a aceitação do imunizante, mas também para a confiança na vacinação em geral”, escreveu Naor Bar-Zeev, da Escola de Saúde Pública John Hopkins.
Primeiro lote
Não vai demorar muito para que o mundo entenda os potenciais efeitos negativos e positivos da polêmica vacina russa contra a Covid-19. Mikhail Murashko, ministro da Saúde do país, anunciou que o primeiro lote da Sputnik V estará pronto em setembro, permitindo sua aplicação em grupos de alto risco.
Com isso, a Rússia espera começar a vacinação em massa a partir de outubro. Murashko diz que o aumento no ritmo de produção acontecerá paralelamente às observações pós-registro.
Via: MedicalXpress