Testes preliminares com uma vacina chinesa contra a Covid-19 apontaram a capacidade do composto de induzir respostas imunológicas em humanos, sem colocar em risco a segurança dos pacientes. Conduzido por cientistas do Instituto de Biotecnologia de Pequim, o estudo foi descrito em artigo publicado, nesta sexta-feira (22), na renomada revista científica The Lancet.

Os autores do trabalho ressaltam, no entanto, a necessidade de mais pesquisas para verificar se a imunização gerada pela substância é eficaz para proteger o corpo humano da ação do novo coronavírus.Em entrevista, Wei Chen, primeiro primeiro autor do estudo e professor do Instituto de Biotecnologia de Pequim, reforça que os resultados representam um “marco importante” na busca por uma vacina, mas eles precisam ser interpretados com cautela.

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“A capacidade de desencadear essas respostas imunes não indica necessariamente que a vacina protegerá os seres humanos contra a Covid-19. Este resultado mostra uma visão promissora para o desenvolvimento de vacinas contra a doença”, afirmou Chen.

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Pandemia do novo coronavírus já infectou mais de 5,1 milhões de pessoas e provocou 336 mil mortes ao redor do planeta. Imagem: NIAID/Flickr

A vacina contém exemplares atenuados de um outro vírus que provoca resfriado. Esses antígenos receberam o material genético de uma proteína do novo coronavírus responsável pela replicação do agente no organismo. A ideia é que o sistema imunológico reconheça a proteína do Sars-Cov-2 como parte do vírus e, indiretamente, passe a produzir anticorpos capazes de neutralizar o novo coronavírus.

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Nesta primeira fase, os ensaios clínicos envolveram 108 voluntários saudáveis com idades entre 18 e 60 anos. Eles foram submetidos aleatoriamente a um dos três tipos de dosagens da vacina: de baixa, média e alta concentração viral. Após receberem a injeção intramuscular, os participantes foram monitorados por 28 dias.

A segunda etapa do estudo já foi iniciada. Trata-se de um experimento randomizado com 500 voluntários. Os novos testes também incluem indivíduos com idade superior a 60 anos.

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Vacina

De acordo com a revista The Lancet, mais de cem vacinas contra o novo coronavírus já são testadas em ensaios clínicos. Nesta semana, a empresa farmacêutica norte-americana Moderna anunciou que a vacina desenvolvida pela companhia se mostrou segura e gerou respostas imunes na primeira fase de testes em humanos. Os resultados da organização, no entanto, baseiam-se em uma amostra menor, em comparação com o estudo do Instituto de Biotecnologia de Pequim. 

Já a Universidade de Oxford, no Reino Unido, já aplicou uma solução imunizante em 1,1 mil voluntário no final de abril e espera obter resultados até agosto. Em entrevista, o professor de medicina da instituição, Sir John Bell, disse que, se tudo ocorrer bem, o governo britânico pode aprovar a vacina no começo de setembro e, assim, a fabricação pode ser iniciada.

Fonte: Estadão