Após uma série de estudos mostrarem a ineficácia da cloroquina no tratamento da Covid-19 e até uma piora na saúde dos pacientes, a Organização Mundial da Saúde suspendeu todos os testes em curso e recomendou que o uso da substância fosse suspenso.
Apesar da orientação, muitos convênios médicos ainda mandam médicos receitarem o medicamento. Prevent Senior, Hapvida e planos do sistema Unimed estão seguindo o protocolo do Ministério da Saúde divulgado na última semana, que recomenda a cloroquina em casos leves da doença.
Para representantes do planos, os estudos se referem apenas para quem está em caso grave e não aqueles com sintomas leves, que são os que estão recebendo o remédio.
Planos de saúde x Conselho Federal de Medicina
O Hapvida, maior plano de saúde das regiões Norte e Nordeste, pressiona os médicos para que receitem os medicamentos. “Nós recebemos mensagens constantes para uso da cloroquina ou hidroxicloroquina para pacientes com qualquer sintoma semelhante ao da Covid-19”, afirmou em entrevista ao UOL um médico que pediu para não ser identificado.
Apesar do protocolo do Ministério da Saúde, medicos tem a palavra final quanto ao uso da cloroquina. Foto: Cameravit/ iStock
Nos prontos-socorros da rede Prevent Senior, que possui mais de 425 mil clientes em São Paulo, os médicos também estão receitando a cloroquina. “Não é que haja uma pressão, mas o pessoal se sente pressionado com a recomendação que vem da chefia”, afirmou um funcionário da rede, acrescentando que muitos pacientes pedem pelo remédio. “Nos casos mais graves, de internação, já abandonamos a cloroquina faz tempo, não há benefício nenhum”, afirmou o diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior.
Enquanto os planos de saúde afirmam que apenas estão seguindo o protocolo do Ministério da Saúde e que os médicos possuem a palavra final quanto a prescrição ou não dos medicamentos, o Conselho Federal de Medicina diz que médicos que se sentirem pressionados a indicar a cloroquina devem relatar os casos.
De acordo com o Código de Ética dos Médicos brasileiros, o profissional tem o direito de “recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência”.
Via: UOL