Covid-19: estudo que apontou ineficácia da cloroquina será auditado

Editores da The Lancet, revista científica na qual a pesquisa foi publicada, expressaram preocupação com a qualidade dos dados empregados no trabalho
Redação02/06/2020 22h54, atualizada em 02/06/2020 23h29

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A conceituada revista científica The Lancet expressou preocupação com os dados de um estudo sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, publicado na própria revista em maio. Com 96 mil participantes, a pesquisa apontou evidências preliminares de que os medicamentos não apresentam benefícios no tratamento contra a doença causada pela infecção do novo coronavírus.

O trabalho ainda constatou que as substâncias podem provocar quadros de arritmia cardíaca. No entanto, de acordo com comunicado divulgado, nesta terça-feira (2), pelos editores da The Lancet, uma auditoria independente está analisando a qualidade dos dados utilizados no estudo e os resultados devem ser apresentados em breve.

A pesquisa

Publicada no dia 22 de maio, a pesquisa aplicou quatro tipos de tratamento a 14.888 pacientes. Deste grupo, 1.868 participantes receberam apenas cloroquina, 3.016 tomaram hidroxicloroquina, outros 3.783 tiveram acesso a uma combinação de cloroquina e macrólidos – classe de antibióticos da qual a azitromicina faz parte – e 6.221 ingeriram hidroxicloroquina e macrólidos. O restante da amostra, o total de 81.144 pessoas, constituiu o grupo de controle e não recebeu nenhum tipo de substância.

O estudo contou com pacientes internados em 671 hospitais, de seis continentes. As internações ocorreram entre 20 de dezembro de 2019 e 14 de abril deste ano. Devido ao número de participantes, a pesquisa foi caracterizada como o maior ensaio clínico de medicamentos contra o novo coronavírus já realizado. O projeto, inclusive, levou a Organização Munidial da Saúde a suspender protocolos de testes clínicos com cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19.

A pesquisa foi fundamentada em uma base de dados de uma empresa chamada “Surgisphere”, com base em Chicago, nos Estados Unidos. São essas informações que estão sob auditoria e preocupam os editores da The Lancet. Vale pontuar ainda, que o dono da companhia é um dos autores da pesquisa.

“Importantes questões científicas foram levantadas sobre dados relatados no artigo de Mandeep Mehra et al. — Hidroxicloroquina ou cloroquina com ou sem um macrolídeo para tratamento de Covid-19: uma análise de registro multinacional — publicado na The Lancet em 22 de maio de 2020. Embora uma auditoria independente da proveniência e da validade dos dados tenha sido encomendada pelos autores não afiliados ao Surgisphere e esteja em andamento, com os resultados esperados muito em breve, estamos emitindo uma manifestação de preocupação para alertar os leitores para o fato de que sérias questões científicas foram trazidas à nossa atenção. Atualizaremos este aviso assim que tivermos outras informações”, diz a nota.

Na sexta-feira (29), a The Lancet emitiu outro comunicado alertando para uma correção sobre dados do estudo, mas, segundo a revista, as alterações não afetaram o teor dos resultados da pesquisa.

Fonte: G1

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital