Em parceria, o laboratório Mandelics e o Hospital Sírio-Libanês, ambos em São Paulo, desenvolveram um novo teste molecular rápido para a detecção do coronavírus. Ele tem como base a técnica RT-Lamp (sigla em inglês para Transcrição Reversa Seguida por Amplificação Isotérmica Mediada por Loop), exame que, assim como o RT-PCR (sigla em inglês para Transcrição Reversa Seguida por Reação em Cadeia de Polimerase), funciona por meio da amplificação do RNA viral.

Apesar de semelhantes, o RT-Lamp é mais rápido e barato, já que consiste em um processo simplificado, enquanto o RT-PCR é sofisticado e, consequentemente, mais caro, sendo considerado o padrão ouro para o diagnóstico da Covid-19.

Ainda assim, o RT-Lamp é altamente sensível (80% de sensibilidade, evitando falsos negativos) e capaz de identificar o coronavírus mesmo nos estágios iniciais da infecção. Para a testagem, o exame utiliza uma amostra de saliva e revela o resultado em cerca de uma hora. Além disso, o método possui 99% de especificidade, ou seja, é completamente eficaz na identificação de pessoas que não têm a Covid-19, evitando falsos positivos.

A expectativa é que o novo RT-Lamp processe até 110 mil amostras por dia. Por ora, o exame está disponível apenas para instituições parceiras que queiram testar seus funcionários. Contudo, posteriormente, o teste custará R$ 95 – menos da metade do valor do RT-PCR -, o que pode aumentar a taxa de testagem no Brasil.

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Exame com base em RT-PCR. Imagem: Fernando Magalhães

 

Outros métodos semelhantes

Um exame semelhante está sendo desenvolvido, também, pela Universidade Federal de Goiás (UFG). “Usamos amostras de swab [espécie de cotonete que coleta material do fundo do nariz ou garganta] ou saliva. Elas são colocadas em um microchip e o resultado se dá por colorimetria. Se acusar a presença do vírus, o material testado fica com a cor verde fluorescente”, explicou Gabriela Duarte, química do Grupo de Pesquisa em Biomicrofluidica do Instituto de Química da UFG.

Neste caso, segundo Duarte, a amplificação do RNA ocorre em 10 minutos e o resultado final é revelado em menos de duas horas. Além de rápido, o método utiliza um dispositivo portátil e uma pequena amostra de reagentes. “Criamos uma ferramenta de diagnóstico rápido para aplicação point-of-care, ou seja, no campo, e não em um laboratório altamente equipado”, afirmou a química.

Nos últimos meses, uma colaboração entre a Universidade de Oxford, no Reino Unido, a Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e médicos chineses, também culminou em um método de testagem semelhante ao desenvolvido pela UFG. “Validamos o método RT-Lamp em um hospital da China, empregando 16 amostras clínicas, sendo oito positivas e oito negativas”, contaram os cientistas de Oxford em comunicado. “Os resultados dos testes são consistentes com os do RT-PCR”, completaram.

De acordo com o virologista Fernando Spilki, do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul, o teste com base na técnica RT-Lamp está no caminho certo, mas ainda precisa passar por uma padronização para se tornar comercial. “A prova de fogo do exame que está sendo desenvolvido na UFG será a validação em um número maior de amostras. Indivíduos com Covid-19 excretam diferentes cargas virais”, disse Spilki. “O desafio de qualquer teste é detectar a presença do Sars-CoV-2 naquelas pessoas que possuem baixa carga viral”, acrescentou.

 

Via: Uol