Em entrevista à CNN, uma patologista da Universidade de Nova York declarou que autópsias realizadas em pacientes infectados pelo novo coronavírus mostraram coágulos sanguíneos da doença não apenas nos pulmões, mas em “quase todos os órgãos”.

Amy Rapkiewicz, chefe do departamento de patologia do NYU Langone Medical Center, descreveu as novas descobertas na publicação EClinicalMedicine. Ela e sua equipe classificaram as conclusões como “dramáticas”.

Quando o vírus foi descoberto na cidade de Wuhan, na China, os médicos pensavam que a doença afetava apenas o pulmão, como uma pneumonia. No entanto, estudos aprofundados mostraram que o vírus pode causar coágulos sanguíneos.

Com isso, problemas mais graves podem ocorrer, como um acidente vascular cerebral, insuficiência renal, inflamação do coração e complicações no sistema imunológico.

Anteriormente, médicos pensavam que os coágulos ocorriam principalmente em vasos sanguíneos maiores. Porém, o novo estudo indica que eles também podem afetar vasos menores. “Isso foi dramático porque, embora pudéssemos esperar [coágulos] nos pulmões, encontramos em quase todos os órgãos que analisamos na autópsia”, declara Rapkiewicz.

O estudo também mostrou a presença notável de células da medula óssea nos órgãos avaliados – essas células são conhecidas popularmente como megacariócitos. “Nós as encontramos [células] nos rins, fígados e outros órgãos. Notavelmente no coração, os megacariócitos produzem plaquetas, responsáveis diretos pela coagulação do sangue”, informa.

De acordo com a CNN, o próximo passo é determinar a conexão entre as células da medula óssea encontradas e a coagulação dos vasos sanguíneos em decorrência do novo coronavírus.

Descoberta da doença 

Até o momento, acredita-se que o início do surto da doença ocorreu em janeiro na cidade de Wuhan, na China. No entanto, a doença, que já vitimou mais de 72 mil pessoas no Brasil, pode ter surgido um pouco antes. 

Pesquisadores de cinco países – incluindo do Brasil – descobriram a presença do vírus em amostras de esgoto coletadas antes mesmo do primeiro caso ser registrado no local que foi considerado o epicentro da doença, a cidade de Wuhan.

Os estudos encontraram indícios do novo coronavírus circulando semanas ou até meses antes do primeiro caso vir à tona.

A pesquisa mais intrigante foi feita em Barcelona. Lá, pesquisadores analisaram amostras de esgoto coletadas em duas ocasiões: 15 de janeiro de 2020 e 12 de março de 2019. O resultado colocou em xeque o que se sabia até o momento.

Na amostra do dia 15, o vírus foi detectado, o que pode ser considerado normal, considerando que o material foi coletado 41 dias antes do primeiro caso oficialmente registrado. Com isso, pode-se concluir que a doença já estava circulando pela Espanha antes de explodir em um surto.

No entanto, o que mais chamou a atenção dos cientistas é que a amostra de 12 de março, nove meses antes do primeiro caso de Wuhan ser registrado, possuía assinaturas da doença. Para explicar o que pode ter ocorrido, os especialistas levantaram algumas hipóteses.

Por aqui, a equipe liderada por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) teve acesso a seis amostras de esgoto congelado. O material foi coletado em Florianópolis, em um período que foi de 30 de outubro de 2019 a 4 de março de 2020.

A pesquisa ainda não passou por revisão. No entanto, foi descoberta a presença do vírus nas amostras a partir de 27 de novembro. De acordo com os resultados, o material possuía 100 mil cópias do genoma do vírus por litro. Esse valor é cerca de um décimo do que foi identificado na coleta mais recente, de 4 de março.

Via: Science Alert