Aplicativos de rastreamento poderiam ajudar a impedir a disseminação do novo coronavírus, mas só se 80% dos usuários de smartphones os tivessem em seus aparelhos, afirma uma pesquisa feita pelo Departamento de Medicina da Universidade de Oxford. O monitoramento de celulares tem sido um recurso utilizado em muitos países, como China e Israel, mas a sua ampla adoção e velocidade de uso são fatores cruciais para impedir a propagação do vírus.

O estudo foi feito para auxiliar o sistema nacional de saúde do Reino Unido, que também pensa em desenvolver um app próprio. A ideia é que os usuários preencham o app com seus sintomas e já recebam orientações, ao invés de esperar pelos resultados de testes. Segundo pesquisas, a Covid-19 já é transmissível dois a três dias antes dos primeiros sintomas aparecerem.

Com esses dados, o aplicativo alertaria contatos e pessoas na região para o caso de alguém com quem eles tiveram proximidade testasse positivo para a doença. “Iniciar o rastreamento de contatos com base nos sintomas é uma maneira rápida de alertar as pessoas antes que elas transmitam o vírus”, avalia o médico David Bonsall, coautor da pesquisa e clínico do Hospital John Radcliffe.

Os especialistas simularam a disseminação do vírus em uma cidade de um milhão de pessoas utilizando o aplicativo de rastreamento. O modelo sugeriu que seria necessário que muitos usuários de fato utilizassem o app para reduzir efetivamente a propagação. “Nossas simulações preveem uma perda do controle da epidemia quando o monitoramento é adiado para que se aguarde o resultado dos testes. Isso acaba causando mais mortes e levando mais pessoas à quarentena”, completa Bonsall.

Pela simulação, cerca de 60% da população inteira – e 80% das pessoas com um smartphone – teriam que adotar o software para interromper a pandemia, mas mesmo uma menor taxa de uso poderia ao menos diminuir a propagação. “Se cuidadosamente implementado, juntamente com outras medidas, o aplicativo de monitoramento tem o potencial de reduzir substancialmente o número de novos casos de coronavírus, hospitalizações e internações em UTI”, avalia professor do Departamento de Medicina de Nuffield e coautor do relatório, Christophe Fraser.

Um levantamento da Universidade de Oxford indicou que pouco mais de 73% da população do Reino Unido estaria disposta a instalar em seus smartphones um aplicativo de rastreamento de contatos para a Covid-19. Uma condição, porém, seria a garantia de que sua privacidade e uso de dados sejam protegidas em todas as etapas do desenvolvimento do app.

Via: Science Focus