Desde que a pandemia do novo coronavírus começou a se espalhar, pesquisadores de diversos países iniciaram a busca por medicamentos que conseguissem combater a doença.
Na última semana, quando Donald Trump tuitou sobre a eficácia de hidroxicloroquina e cloroquina poderia ser a resposta, muitos países e a Organização Mundial da Saúde apoiaram e concordaram com a afirmação, e começaram a utilizar o medicamento para o tratamento. Porém, muitos cientistas da área da saúde contestam a informação, principalmente por ser baseada em um estudo francês que testou apenas 42 pacientes.
Algumas das alegações também incluem a “loucura” do uso do remédio, após testes inconsistentes, como afirmou Gaetan Burgio, especialista em resistência a medicamentos da Universidade Nacional Australiana. “A melhor maneira de saber se um medicamento para a Covid-19 é eficaz é através de um ensaio clínico de alta qualidade”, destacou Joshua Sharfstein, vice-reitor da Escola de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, se referindo ao estudo que a OMS acaba de iniciar. “Os esforços para distribuir amplamente tratamentos não comprovados são equivocados na melhor das hipóteses e perigosos na pior”, acrescentou.
Demanda por hidroxicloroquina
Desde que o nome do medicamento começou a aparecer na mídia, a demanda pelo remédio, usado normalmente para o tratamento de malária, lúpus e artrite reumatoide e outras doenças, cresceu vertiginosamente, o que gerou consequências indesejadas. Além da escassez do produto, a Índia, um dos grandes produtores, proibiu as exportações, óbitos por conta da automedicação com hidroxicloroquina ou cloroquina foram registradas. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro ordenou que os laboratórios militares aumentassem a produção do medicamento.
Embora seguros em doses controladas, os medicamentos têm sido associados a efeitos colaterais problemáticos, como comportamento suicida e problemas cardíacos graves. Além disso, muito cientistas alertaram para erros de procedimentos durante o estudo francês, que não escolhei os participantes aleatoriamente.
Portanto, é esperado que estudos mais completos, como o realizado pela OMS e o que está prestes a se iniciar no Brasil, possam dar um veredito mais claro sobre o uso dos medicamentos. Apesar disso, diversos laboratórios já anunciaram um aumento na produção de cloroquina e de hidroxicloroquina. Além disso, é importante ressaltar que a automedicação não é recomendada por profissionais da saúde, principalmente durante uma pandemia como a do novo coronavírus.
Via: Science Mag