O Ministério da Saúde atualizou nesta quarta-feira (8) o número de testes para detecção do coronavírus realizados no Brasil, que ajudam a dar uma dimensão do quão defasadas estão as estatísticas oficiais. Desde o início da pandemia, as redes pública e privada de saúde realizaram 63 mil testes.

A expectativa do Governo Federal é que esse número comece a subir em breve. Atualmente, a capacidade do sistema é de realizar 6,7 mil testes por dia, mas a projeção é que esse ritmo aumente para 30 mil por dia, com um plano de chegar a 3 milhões de testes realizados em um período de 6 meses.

Segundo o Estadão, ainda existem alguns obstáculos para que o ritmo de testes comece a acelerar. Já foram encomendados 3 milhões de testes do tipo RT-PCR, descrito como o mais preciso, com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mas apenas 104 mil foram disponibilizados até o momento. A previsão para o momento era que ao menos 1 milhão já tivesse sido entregue; a fundação não explica a demora, mas diz que o ritmo de produção está aumentando.

Os números parecem baixos quando comparados aos dos Estados Unidos, por exemplo. Quando a Covid-19 saiu do controle no país, o governo iniciou uma política agressiva de testes, que já concluiu 2 milhões de testes desde o início do surto no país.

Para comparação, os mais de 2 milhões de testes realizados pelos EUA correspondem a uma proporção atual de cerca de 6.000 mil testes por milhão de habitantes. Enquanto isso, os 63 mil testes brasileiros correspondem a aproximadamente de 300 testes por milhão de habitantes.

Os testes se tornaram fundamentais para entender de forma mais precisa os rumores da doença no país e quais são as ações corretas de contenção. As nações que conseguiram controlar a doença de forma mais eficaz foram as que conseguiram testar sua população de forma ampla, como é o caso da Coreia do Sul e Alemanha. Com mais testes, é possível isolar melhor as pessoas contaminadas, mesmo assintomáticas, e rastrear seus contatos que podem estar infectados para que eles também sejam testados.

Os países que conseguiram testar uma parcela grande da população também viram uma redução na estatística de taxa de letalidade. Não pelo fato de o vírus matar menos pessoas, mas porque com mais pessoas testadas, é possível detectar melhor os casos leves e assintomáticos, ampliando a compreensão dos casos não-letais. Sem os testes, só são conhecidos os casos mais graves, que dependem de hospitalização; este público tende a ter mais complicações e, consequentemente, maior proporção de óbitos.