Jogo da Nintendo é retirado das plataformas chinesas após protesto em Hong Kong

Pedidos pela independência de Hong Kong feitos pelo ativista Joshua Wong motivaram retirada de 'Animal Crossing' das plataformas de comércio eletrônico
Vinicius Szafran10/04/2020 21h21, atualizada em 11/04/2020 20h04

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Um jogo de Nintendo Switch foi retirado das plataformas de comércio eletrônico no mercado paralelo chinês. Tudo aconteceu depois que o ativista Joshua Wong, de Hong Kong, utilizou o game para protestar contra o domínio da China no território que, embora autônomo, é controlado por Pequim.

O jogo em questão é “Animal Crossing: New Horizons”. Trata-se de um colorido simulador social no qual os jogadores podem decorar sua própria ilha e convidar amigos a visitá-la. O game foi lançado no mês passado e tornou-se sucesso instantâneo, sendo utilizado pelos jogadores para simular cenários reais enquanto vivem presos em quarentena por conta da pandemia do novo coronavírus.

Ativista pela democracia em Hong Kong, Joshua Wong resolveu levar seus protestos para o mundo virtual de “Animal Crossing” desde semana passada, e vem postando capturas de tela em seu Twitter. Nelas, Wong mostra sua ilha decorada com um banner onde se lê “Hong Kong independente, revolução agora”.

O governo chinês mantém regras rígidas sobre conteúdo, desde videogames a músicas e filmes, censurando tudo aquilo que acredita violar os principais valores socialistas. As desenvolvedoras de jogos também precisam buscar licenças para publicar seus jogos na China.

Nintendo faz as vendas de seus consoles na China em parceria com a gigante tecnológica Tencent desde dezembro passado. No entanto, apesar de poderem comprar os dispositivos, jogadores chineses só podem acessar conexões multiplayer para jogos como “Animal Crossing” usando edições estrangeiras, disponíveis apenas no mercado cinza – plataformas como Pinduoduo e Taobao, por exemplo.

Entretanto, desde a publicação de Wong no Twitter, as pesquisas pelo nome do jogo no Pinduoduo não retornam mais resultados. No Taobao, plataforma do Alibaba, alguns fornecedores tentam contornar a repressão, direcionando compradores a listagens que vendem o jogo sem usar seu nome real no título.

Alguns jogadores de “Animal Crossing” na China criaram cenários com pontos de verificação de temperatura e avatares usando máscaras, espelhando o mundo real.

Reprodução

Desde então, Wong compartilhou imagens de sua ilha mostrando fotos do presidente chinês Xi Jinping e do chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Adhanom em simulações de funeral, com placas dizendo “pneumonia de Wuhan”.

Não está claro se a retirada do jogo do comércio eletrônico foi uma ordem do governo chinês ou um ato voluntário das plataformas de vendas politicamente sensíveis. Os representantes da Pinduoduo e Alibaba não comentaram a situação.

Uma situação similar aconteceu em fevereiro, quando o jogo “Plague Inc“, no qual os jogadores criam um patógeno para destruir o mundo, foi removido da loja chinesa de aplicativos da Apple após os reguladores afirmarem que se tratava de conteúdo ilegal.

Via: Reuters

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital