Hospital de Campinas inicia testes de vacina contra o coronavírus

Voluntários receberão duas doses do imunizante CoronaVac. Se eficácia for comprovada, vacina será produzida no Brasil e distribuída gratuitamente pelo SUS
Rafael Rigues06/08/2020 16h26

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O Hospital das Clínicas da Unicamp, em Campinas, iniciará os testes da nova vacina contra o coronavírus nesta quinta-feira (6). O hospital é o segundo centro de estudo no interior de São Paulo a iniciar os testes da CoronaVac no Brasil.

Entre voluntários recrutados, metade receberá duas doses do imunizante num intervalo de 14 dias e a outra metade receberá duas doses de placebo, uma substância com as mesmas características, mas sem os vírus, ou seja, sem efeito. Essas pessoas serão monitoradas pelos centros de pesquisa por meio de exames entre aqueles que tiverem sintomas compatíveis à Covid-19. Assim, poderá ser verificado posteriormente se quem tomou a vacina ficou de fato protegido em comparação a quem tomou o placebo.

A testagem, coordenada pelo Instituto Butantan, deve ser concluída entre o final de outubro e o início de novembro com cerca de 9 mil voluntários. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) foi o primeiro a aplicar a CoronaVac, no dia 21 de julho.

Além de Campinas outros cinco centros de pesquisa iniciam a testagem da vacina contra Covid-19 em voluntários ainda nesta semana. Outro seis já estão em operação. Ao todo, são 12 os centros selecionados para a realização da terceira e última fase de ensaios clínicos do imunizante que é desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Life Science.

Os centros de pesquisa que participam da testagem são: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Universidade Federal de Minas Gerais, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital das Clínicas da Unicamp, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Universidade de Brasília, Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas de Fiocruz (RJ), Hospital São Lucas da PUC do Rio Grande do Sul e Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná

A Sinovac forneceu ao Butantan as doses da vacina para a realização dos testes clínicos de fase III em voluntários no Brasil, com o objetivo de demonstrar sua eficácia e segurança. As fases I e II de ensaios clínicos foram realizadas com cerca de 700 voluntários na China com bons resultados preliminares. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra o coronavírus.

Assim que forem comprovadas a eficácia e a segurança nesta última fase de estudos clínicos e a vacina seguir para registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Sinovac e o Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala e fornecimento gratuito pelo SUS.

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital